quarta-feira, 22 de agosto de 2007

DEPENDÊNCIA DO OUTRO


Encontrava-me no corredor da universidade, era intervalo pro segundo tempo, eu estava no primeiro andar debruçado sobre o muro do corredor, olhando pro térreo, vendo aqueles alunos lá embaixo a se movimentarem, uns com cara de alegria e mostrando grande disposição e outros correndo devido o curto tempo, para talvez tirar cópias ou resolver algo pessoal, observava tudo aquilo atentamente quando de repente alguém topa nas minhas costas e viro repentinamente para trás e dou conta de que era um colega de sala, que estava na mesma disciplina daquele dia. Esperei algo que viesse dele, pois nunca foi de se dirigir a mim para um contato mais pessoal, sempre me cumprimentava com um sorriso e era suficiente tanto pra mim quanto pra ele. A priori os assuntos foram torpes nada condizia com nada, coisa do tipo: “O professor é exigente na forma de correção de avaliação?” “Ele aproveita tudo o que o aluno coloca nas provas?”, entendi abruptamente o porquê daquelas perguntas porque, naquela turma o professor não tinha dado nenhum tipo de disciplina antes, já a mim, já o tinha pegado várias e várias vezes, já era macaco velho no tocante aos truques daquele professor e o professor sempre mencionava meu nome em sala de aula dando exemplo de outras disciplinas, bom, voltando, respondi tudo o que aquele aluno queria saber, friamente, diga-se assim de passagem, quando de repente ele menciona que suas férias não tinha sido lá essa coisa, pois tinha sido as piores férias de sua vida, eu sem entender patativas de nada fiquei na minha e soltei um leve sorriso, daí ele insistiu na afirmação de suas férias, eu faceiramente, sabendo já que ele queria que eu perguntasse o que de fato tinha ocorrido com o próprio ou que situação trágica tinha acontecido nas suas férias, fiz a peculiar pergunta: “Me diga o que de tão ruim lhe aconteceu, pois já estou preocupado”, daí ele começou a sua lamentável história, sua namorada tinha terminado com ele, o mesmo estava no fundo do poço, não tinha mais cabeça pra nada, já tinha feito loucuras, tentou se matar por duas vezes, a primeira, cortou seus pulsos e a segunda, jogou seu carro contra outro. Assim, respirei fundo, mas disfarçadamente, pensei comigo mesmo, Deus não faz nada por acaso, tudo na vida tem um objetivo, Deus não colocou aquele ser com sérios problemas psicológicos, mas aparentemente normal, na minha frente naquele instante pra nada, tinha que ter um objetivo. Não ia me fazer de cego, mudo e surdo naquele momento, precisava falar algo que amenizasse esse pesar. Perguntei: “Quem é que escreve a sua história?” Ele respondeu que era ele mesmo, fiz outro questionário: “Quem é responsável pela sua felicidade?” Ele respondeu que era ele mesmo. Olhei no fundo dos olhos dele e disse categoricamente que não entendia, porque se ele tentara se matar é porque a vida dele não está lá essas coisas o que não condiz com suas respostas. Deixei claro que na verdade ele estava colocando a felicidade dele, a sorte dele na mão de outra pessoa, que ele deve ser responsável por tudo que lhe acontece, se não deu certo com ela, dará com outra. Ele espantado, achando que fosse chamá-lo de coitado disse que pra se chegar numa conclusão dessa era preciso está mesmo no fundo do poço, daí afirmei veementemente que eu também já sofri por um gostar, que cheguei de fato ao fim do poço, mas sabe o que tinha no fim do poço, uma mola que me deu uma impulsionou pra cima e hoje sou o que sou e tiro dessas situações um verdadeiro aprendizado, pois quando eu imagino que muita gente que sofre de algum mal, às vezes mostra uma força insuperável pra continuar vivendo, porque ficar a lamentar a vida, porque isso e porque aquilo. Devemos nos espelhar nas dificuldades dos outros e enfrentar com parcimônia tudo aquilo que nos é imposto e que na verdade a culpa de tudo aquilo era dele e não dela por ter lhe abandonado e que ele seria na verdade um fracassado e um covarde se desistisse assim da vida por um motivo tão fácil de ser ignorado e mudado. Calei, esperei uma reação, não obtive, ele só balançava a cabeça, sabe-se Deus se estava de acordo com o que dizia, só no final que disse que ainda ia tentar reconquistá-la, pois o errado tinha sido ele e não ela. Foi quando disse que valia qualquer coisa, uma reconciliação e o reconhecimento do erro é normal o que não se pode negar e a sua felicidade e responsabilizando A ou B por esse mérito. Ele se retirou, a aula já tinha começado um tempo, fui ao banheiro urinar e fiquei a pensar nas palavras que usei, talvez tinha sido um pouco grosso, mas que saiu do coração, foi um impulso só. Fico transtornado com esse tipo de pensamento. Tirar a vida por não ser correspondido por outra é o cúmulo do absurdo, falta uma estrutura psicológica e amor por si próprio.

Por: Alisson Meneses de Sá

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