APRENDENDO A SER AMANTE!

Ao me acordar, e ainda na cama, sem quere sair, espreguiçando, começo a pensar nas bestialidades da vida, no vazio do ser, no anormal e nas conseqüências do ontem para o amanhã. Ao lado de minha cama encontrava-se meu celular, meus óculos e meu precioso caderno junto do seu inseparável lápis, que infelizmente terei que desfaze por sua haste encontrar-se danificada. Não consigo na verdade voltar a dormir e pego o caderno, resolvo terminar um texto que na noite anterior eu iniciara, com todo gás terminei de fazer o texto achando que muita coisa ainda faltava, mas iria deixar daquela forma. Ao terminar o texto resolvo não parar, mudando de assunto, indo pra algo inusitado, algo que por enquanto não está me incomodando que é o fato de ser amante.

Não que eu queira me fazer de ingênuo e pudico, jamais, porque na verdade, não me recordo perfeitamente, mas já devo sim ter transado, ter me esfregado me beijado com alguém comprometido, mas garanto que não passou de uma noite somente. O fato que aqui desenvolvo pra mim é inusitado por isso se torna algo desafiador, sim, me intitulo de amante, pois fica claro pra mim que a figura com quem estou me envolvendo deixou aberto e consciente da situação exposta. Não que eu pertença àquelas amantes enganadas, as pobres ludibriadas pela total e completa circunstância que o amor as obriga.

Estou evidentemente consciente de que continuarei na situação até for conveniente para eu possa continuar, quando estiver me prejudicando eu abertamente sairei da jogada e isso não será difícil, pois já saí de outras situações, essa não seria diferente.

O gostar de hoje é diferente do gostar de outrora, é um sentimento diferente do que possuía quando namorávamos. Torna-se um gostar mais carnal que sei que tem um fim, é um gostar de carência afetiva entre ambos.

Acordos são feitos, aliás, acredito que de fato o batizado dessa minha situação de amante foi quando me firmei nos acordos que a figura me propôs. Antes era coisa do tipo, beijos e esfregações, sem compromisso, eu ficava com outras pessoas na sua frente da figura e nenhum stress rolava. O primeiro acordo foi lançado, eu aceitei, tratava de ficar numa festa exclusivamente com a figura e isso virou uma constante e a partir daí me inicio nessa qualificação obscura e vista com maus olhos pela sociedade preconceituosa e monopolizada pelas rígidas normas que a igreja os impõe e como não corroboro com esse sistema coletivo continuo a ser amante.

Esse termo em nada me deixa desconfortável, pois vem do amor, do amor que levou Adão e Eva ao pecado original, ao amor impossível de Ilma Fontes e Mário Jorge, enfim do amo. E se Deus nos deu esse tão nobre sentimento foi para que nos entregássemos de corpo e alma, e assim o faço.

Na verdade estou mesmo aprendo a ser amante e percebo que isso está sendo fácil pra mim. O telefone toca, a figura atende, é seu amor, o tom de voz diminui, eu me distraiu, converso com alguém pra não ouvi a conversar, no final ouso somente “eu te amo”, acho aquilo lindo e às vezes penso em desistir, mas não, deixarei a onda me levar.

Ressalto que até quando a situação for favorável pra mim eu continuarei, caso contrário eu com meu estilo único de se desprender das pessoas com facilidade, pulo fora dessa navegação e fico livre pra outras embarcações inusitadas que estão por acontecer.

Por: Alisson Meneses de Sá