segunda-feira, 9 de abril de 2007

Novela das 21:00H Continuação

"Jeitosinha Mas Vagabunda"
PLANO DE VINGANÇA - Capítulo VII
Não foi difícil para Jeitosinha convencer Adenair a juntar-se a ela em seus planos de vingança. Ele sabia que seu pai, violento e castrador, jamais o deixaria sair do armário. Com Ambrósio morto, um novo horizonte, muito mais colorido, se desenhava à sua frente.
- Já pensou, Jeitosinha? Vou poder comprar um Ka dourado... Colocar piercings nos mamilos... Fazer backing vocals no show do Edson Cordeiro!
Adenair só não estava muito certo sobre a morte da mãe. Marilena sempre foi uma mulher zelosa de seus filhos, e muito carinhosa com os sete.
- Você acha que o erro da mamãe foi assim tão grave? - perguntou.
- Se eu acho? - indignou-se Jeitosinha - Minha vida foi uma farsa!
- Mas sempre é tempo de recomeçar... Você pode fazer uma operação de troca de sexo...
- Não é tão simples. Eu gosto de mim como sou! O problema é que o mundo não está preparado para aceitar pessoas diferentes!
- Pôxa... O mundo aceitou o Michael Jackson! - ainda insistiu Adenair.
Mas Jeitosinha estava decidida.
"- A vingança vai começar. Papai será a primeira vítima.
- Qual é o seu plano? - Amanhã é Sábado. Neste dia, à noite, todos os nossos irmãos saem para se divertir. Mamãe tem a novena na casa de Dona Nair e papai e eu costumamos ficar sozinhos em casa.
Adenair ouvia com atenção o plano traçado por Jeitosinha na noite anterior.
- Papai terá uma morte violenta. Sangrenta. Algo tão hediondo que ninguém suspeitará que o crime poderia ter sido praticado por uma pessoa como eu, uma jovem loira, maravilhosa e frágil...
- E como eu poderei ajudar? - Perguntou Adenair.
Jeitosinha esboçou um sorriso estranho e respondeu, num tom seco:
- Me arranje uma serra elétrica!
Sangue! Corpo esquartejado! Falsa loira nua!
SANGUE - Capítulo VIII
Adenair, que era estagiário na Secretaria de Meio Ambiente do município, conseguiu, sem chamar a atenção, retirar uma moto-serra no almoxarifado da Prefeitura. Como o dia seguinte seria um Domingo, ele teria tempo de limpar a ferramenta e devolvê-la a seu local de origem antes que dessem pela sua falta.
Ao cair da noite, ninguém na família poderia imaginar o drama que se desenrolaria nas próximas horas. Um por um os irmãos mais velhos foram saindo, como quaisquer jovens numa noite de Sábado. Adenair foi o último a deixar a casa. Controlando as emoções, despediu-se do pai sem despertar suspeitas.
Enfim, a sós, Jeitosinha e Ambrósio assistiam ao telejornal das oito. Ela usava um vestidinho curto. Balançava provocativamente as pernas, mostrando toda a extensão de suas coxas bem torneadas. A loira sabia que o pai moralista logo iria implicar com a roupa.
- Precisa usar um vestido tão curto? Vá já se vestir direito! - Ordenou Ambrósio, apontando para o quarto de Jeitosinha.
Era a deixa que a moça esperava. Ela entrou no seu quarto e reapareceu poucos minutos depois, causando a última e pior visão que aquele homem rude jamais tivera. "Sua filha, seu meigo tesouro, estava completamente nua, portando a serra elétrica. Mas o maior espanto de Ambrósio foi constatar a existência de uma outra ferramenta, pendurada entre as pernas da bela loira.
- N-não pode ser! Não pode ser! O que é isso? - Balbuciou o homem, com uma expressão patética, indicando o bráulio de Jeitosinha.
- Isto sou eu, papai! Eu sou o monstro que você criou!
O som ensurdecedor da serra abafou os gritos desesperado do homem, que de tão surpreso sequer teve forças para lutar.
Minutos depois, tudo era silêncio e calma. Jeitosinha tomou um banho demorado, vestiu-se, escondeu a serra elétrica num terreno próximo, seguindo o plano previamente combinado com o irmão, e dirigiu-se tranquilamente à casa de uma amiga, deixando montado na sala de sua casa um cenário dantesco.
Estava encerrada a primeira etapa de sua vingança. Ou pelo menos Jeitosinha imaginava que sim...
GRANDE SURPRESA - Capítulo IX
Passava da meia-noite quando Jeitosinha voltou para casa. Seu álibi foi perfeito: consumiu as últimas horas estudando Geografia com uma amiga, como costumava fazer.
Ela estava impressionada com a própria frieza: conseguiu concentrar-se nos livros e conversar amenidades como se nada tivesse acontecido. Mas ainda sentia nas mãos o tremor da serra elétrica. Os gritos de Ambrósio continuavam ecoando em seus ouvidos.
Eram sensações surpreendentemente gostosas.
Arrependimento mesmo, só o de ter perdido o capítulo da novela das nove.
A mamãe eu matarei na hora do Jornal Nacional", jurou para si mesma.
As luzes da sala estavam acesas. Viu pela janela os vultos de seus familiares. Entrou pela porta principal preparando-se para fingir dor e desespero ao se deparar com os pedaços de carne e ossos de seu pai espalhados pela sala.Mas qual não foi o seu espanto ao perceber que não havia na casa um só vestígio de seu crime hediondo!
Quatro de seus irmãos, inclusive Adenair, estavam assistindo TV, tranquilamente. Sua mãe havia se recolhido ao quarto.
- Onde está o papai? - Perguntou.
- Foi pescar. - Respondeu Amarildo, o segundo filho de Ambrósio e Marilena.
- Pescar?>
- Sim, deixou um bilhete com a mamãe, dizendo que resolveu na última hora e que volta amanhã à noite.
"As belas pernas de Jeitosinha estremeceram e ela sentiu uma estranha vertigem. Realmente seu pai era dado a estes rompantes e o sumiço não chegava a espantar ninguém em sua casa. ""Será que tudo não passou de uma alucinação?"", questionou-se.
Mas não. Observando o revestimento plástico do sofá onde o crime havia acontecido, percebeu o cheiro de detergente e marcas de pano, que sugeriam uma limpeza recente. Jeitosinha puxou seu cúmplice, Adenair, até o quarto.
- O que está acontecendo?
- Eu é que te pergunto! - retrucou o irmão - Você não iria matar o papai?
- Matei! Eu matei! Alguém escondeu os restos, limpou a sala e ainda deixou um falso bilhete para a mamãe!
Adenair deu um gritinho ansioso e histérico. Jeitosinha esbofeteou-lhe a face e disse, resoluta:
- Calma. Você já esperou mais de 20 anos. Não acho que seja a melhor hora pra soltar a franga... .
Que estranho mistério se esconde na casa de Jeitosinha?
MISTÉRIO NA CASA DE JEITOSINHA - Capítulo X
Naquela manhã de Segunda, a mãe e os sete irmãos sentaram-se juntos para o café, na longa mesa da copa. Era tradicionalmente o momento em que a família colocava seus assuntos em dia.
Mas um silêncio incômodo pairava no ar.
Jeitosinha sondou cada rosto, buscando em algum deles um sinal que indicasse quem escondeu o corpo de Ambrósio. É claro que o pai não retornara da pescaria na noite anterior. Mas porque ninguém parecia se importar com o fato?
Disfarçando o nervosismo, a moça arriscou perguntar à mãe:
- O papai não voltaria ontem?
- Sim, querida. - respondeu Marilena - Mas ele ligou dizendo que uma ponte caiu e que eles estão isolados na vila onde foram pescar.
- Era a voz dele, mãe? Tem certeza?
- Que pergunta... Claro, minha filha. A ligação estava ruim, mal escutei o que ele dizia. Mas quem mais poderia seria?
Arlindo, o ciumento irmão mais velho, esboçou um sorriso enigmático, que Jeitosinha rapidamente captou como um indício de culpa. "Sim! Arlindo! Só pode ser ele!", pensou. "Arlindo sempre desconfiou de que havia algo errado comigo. Ele nunca perdoou papai pelo carinho que me dedicava. Ele sabe, por alguma razão, que fui eu quem matei papai e apagou as evidências como parte de um plano de vingança! Mas porque esconder o corpo, ao invés de simplesmente me entregar à Polícia?". As perguntas atormentavam a mente limitada de nossa heroína loira.
"Ela voltou para o quarto, cobriu o rosto com o travesseiro e começou a chorar baixinho.
No princípio, chorava por medo. Pela confusão que tomara conta de sua vida. Mas logo sua dor se transfigurou, e Jeitosinha passou a verter seu pranto por saudades de Bruno. Lembrava-se das mãos do amado percorrendo seu corpo. Sentiu um calafrio e uma onda de excitação só de imaginar o toque suave de seus dedos.
Neste momento, abruptamente, Arlindo abre a porta. Jeitosinha ainda tem tempo de disfarçar as lágrimas. Mas não a ereção.
- Ahá... Eu sabia! - Bradou o irmão, radiante, enquanto uma descarga de adrenalina fazia desaparecer do jeans apertado o volume comprometedor. .
Conseguirá Jeitosinha escapar da revolta de Arlindo?
REVOLTA DE ARLINDO - Capítulo XI
- Você nunca me enganou, Jeitosinha... - A voz de Arlindo destilava revolta e ódio.
- Vou contar seu segredo ao papai, assim que ele voltar da pescaria! Aliás, vou contar ao mundo!
- Contar ao papai? - Espantou-se a moça. Então Arlindo não sabia que o pai estava morto! Não foi ele quem escondeu o corpo!
Jeitosinha estava tão fragilizada que acabou assumindo sua bizarra condição ao irmão.
- Sim, Arlindo. Sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem. Mas sou a maior vítima desta situação! Eu lhe imploro: não revele o meu segredo!
- Não adianta, Jeitosinha... - retrucou o magoado Arlindo - Toda a minha vida brinquei com cavalinhos feitos de palitos de fósforo fincados em batatas, enquanto a princesa tinha os mais caros brinquedos. Toda a minha dormi espremido num beliche, com os pés do Amarildo tocando as minhas narinas, enquanto você tinha seu quarto e finos lençóis de seda...
Arlindo agarrou Jeitosinha pelos braços e fitou o fundo de seus olhos.
- Mas o que eu nunca vou perdoar mesmo foi aquela surra que levei quando descobri a verdade sobre você... - Arlindo tremia de rancor.
- Mas nem eu mesma sabia! - Tentou defender-se Jeitosinha. "- Chega! Chega de suas mentiras!
- Arlindo virou-se em direção à porta. A irmã, desesperada, lançou-se ao chão e abraçou seus pés.
- Não, Arlindo... Por favor! Eu faço qualquer coisa!
- Qualquer coisa? - O tom do rapaz agora era mais suave. - Comece mostrando-se para mim. Quero vê-la nua!
Relutante, Jeitosinha livrou-se de suas roupas e revelou seu corpo perfeito de mulher.
Bem, quase perfeito.
- Não é justo... - Balbuciou Arlindo, apontando o apêndice que fazia de Jeitosinha um quadro surrealista - Até neste quesito você ganha de mim...
- Por favor, não seja rude comigo...
- O que? - espantou-se o moço - Você imaginou que eu quero tocar você? É ruim, heim?
- Mas... O que você quer então? - Perguntou a moça, voltando a se vestir...
- Você vai me render dinheiro, irmãzinha. Muito dinheiro!
O que Arlindo pretende? Como Jeitosinha sairá dessa?
PRETENSÕES DE ARLINDO - Capítulo XII

Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação de seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o ódio em seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo!
- Você quer que eu me prostitua?
- Sim. - concordou o irmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um bordel de luxo aqui perto de casa... Pessoas exóticas como você podem ter um bom valor no mercado.
- M-mas... Eu sou virgem! Sou inocente! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.
- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.
Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em seguida, curioso em saber o que acontecera. Jeitosinha contou resumidamente a história.
- Mas não pode ser! Você precisará matá-lo também! - reagiu o enrustido, batendo o pezinho nervosamente.
- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse Jeitosinha, recompondo-se.
- Então você...
- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos caprichos de Arlindo. E pode ter certeza: estarei mais pronta amanhã do que ele pensa!
*****
Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite ao apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero, sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
"- Você destruiu a minha vida! - Lamentou o jovem.
A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse esboçar qualquer reação.
Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas no coração de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...
No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor, a loira acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não foi retribuída.
- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais sugeria um lamento que um elogio.
- O que você achou da noite, meu amor?
- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo coisas que nunca imaginei ser capaz...
- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao meu lado. Vamos conversar melhor sobre isso...
- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça - podemos até conversar. Mas sentar eu não consigo...
Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu torço mto para que esse casal se entenda afinal isso é mero detalhe.rsrsrs!!