sexta-feira, 22 de agosto de 2008

SHAMPOO

O som tocava no rádio, a canção era agradável e a melodia falava subjetivamente em amor, era melancólico, mas gostoso de ouvir, ela pegou o rádio nas mãos e colocou a caixa de som nos ouvidos, queria entender mais nitidamente a música, apreciar mais detalhadamente a voz daquele cantor meio rouca, mas inesquecível. Fechava os olhos e imagina situações, imaginava que aquela música iria embalar um romance, e poderia ser o romance dela quando ela amadurecesse, balançava de um lado pra outro, lentamente, ainda com o rádio nas mãos e a caixa de som grudado no ouvido. Não sabia ela que naquela estação as músicas eram todas do mesmo estilo, apaixonadas, continuou a se balançar, pra um lado e pro outro, mantendo-se ainda de olhos fechados e com um leve sorriso nos lábios, a música ia lentamente finalizando e ela lentamente abrindo os olhos e dando conta que não pertencia àquele processo de imaginação que ela desenvolveu em alguns minutos. A música termina, ela sente por alguns segundos um aperto no coração, pois não saberia se ouviria outra vez aquela melodia tão sincronizada e tão suave, a voz do cantor era marcante, parecia que ele estava falando com ela, cuidadosamente ela foi se ajeitando, colocou de volta o rádio portátil de onde tirou, parou mais alguns segundos, se esquivou para a direita puxou uma certa quantidade papel higiênico, levantou delicadamente seu corpo para cima e com o papel na mão limpou seu bumbum, olhou para o papel sujo e rapidamente colocou-o no lixeirinho que estava a sua esquerda, sentiu-se limpa, levantou-se faceiramente, balançou seus longos cabelos e seguiu em direção ao box, abriu-o e seguiu em direção ao chuveiro; a música ainda permanecia nos seus ouvidos, apesar do rádio continuar tocando outras canções, abriu o chuveiro e logo a água molhou seus cabelos, ela resolveu fechar seus olhos pegou o vaso do shampoo e colocou encostado a sua face e começou a dançar, cantando a canção que tinha lhe fascinado, não sabia ao pé da letra a canção mas lembrava-se da melodia, e com o vaso do shampoo no rosto ela cantarolava lentamente e dançava imaginando ser aquele vaso um outro rosto e ela estando numa festa de pompa, dançava docemente, de um lado pra outro ela se movimentava. Cansou a mão que segurava o vaso do shampoo e desceu colocando-o entre seus seios despidos e molhados, ainda de olhos fechados ficou imaginando está ali alguém de peitoral duro, apertando-a para dançar levemente, aquilo a excitava, as lágrimas que caiam dos seus olhos se confundiam com as água que descia do chuveiro e molhava todo seu corpo. Pensou por um instante: e se depois daquele baile ele me conduzisse a algum quarto de motel e lá me despisse, e me levasse às nuvens, me fazendo de fato uma mulher. Pensou em conduzir o vaso do shampoo até sua parte mais íntima quando de repente batem na porta do banheiro e ela perde completamente sua concentração, era sua mãe que reclamava da demora dela naquele banheiro, pedindo, brutalmente que ela economizasse água. Ela se enfurecia, pois era o momento mais íntimo que ela conseguia ter dentro de sua própria casa, rapidamente desligou o chuveiro, com mal-humor retrucou pra sua mãe, exclamando um: Já vai, que saco!

Por: Alisson Meneses de Sá

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