sexta-feira, 8 de agosto de 2008

E HOJE...

Noutros tempos estaria em agonia múltipla por esperar com ansiedade tudo que irá se desenvolver nesta noite e amanhã. Não sei o que me ocorre, pois me sinto leve, calmo, sem criar nenhuma expectativa para o que se desenvolverá, ou se irá realmente desenvolver. Da outra parte não resta dúvidas da grande ansiedade em ver o tempo chegar e o que é imaginado acontecer como se tudo fosse realmente planejado, com referência aos contos de fadas. Continuo a insistir na minha tranqüilidade em que as coisas aconteçam naturalmente, como se fosse por um mero acaso do destino, como se através de uma trombada inesperada nos nós conhecêssemos e dali começasse a surgir uma nova história. Vamos dar vazão ao inesperado, sem firmar nada sério, vamos deixar que as coisas aconteçam naturalmente, deixar que os nossos corações falem por nós e aja por nós, sem nos precipitar nos acontecimentos e no envolvimento, conhecemo-nos primeiramente, deixemo-nos nos acostumar com as manias um do outro, fiquemos quietos para ouvir o outro perguntar e responder o que lhes é perguntado, fiquemo-nos só na espera do outro dar partida na largada do envolvimento. No final o saldo de toda essa perspectiva contida será, sem dúvida, positiva, teremos bastantes condições de saber definir o certo do errado e não deixar nenhum dos dois corações em apuros por não obter a verdadeira recíproca. Será hoje o primeiro encontro pessoal, antecipadamente já nos conhecemos, artificialmente, vale ressaltar, porque nada mais verdadeiro, nada mais concreto do que o olho no olho para nos definir como pessoas sociáveis. Sairei de casa disposto a ver uma peça teatral, o nosso encontro será uma circunstância casual, pois pode ser que no meio do caminho seja encontrada uma pedra maravilhosa e nela a outra parte estacione para admirá-lo como se fosse o máximo da visualização e ali não mais tivéssemos meios cabíveis de nos confrontar noutro momento, acabaria evidentemente ali todo o jogo de interesse antes proclamado. Vestirei minha mais bela e formal camisa de tecido fino, meu sapato de marca registrada e minha calça de brilho opaco. Pentearei meus fios de cabelos por cem vezes, pois antes de deitar não pretenderei escová-los mais, colocarei minha lente de contato transparente para que não precise me esconder nos óculos ultrapassados, me perfumarei como uma meretriz do antigo Beco dos Cocos em voluptuoso perfume de bom gosto para que fique no vazio depois que passo o rastro do que sou, escovarei ardilosamente meus dentes para que possa sentir o hálito fatal das deusas do Olímpio, mas antes de tudo me esfregarei no sabonete imaginando ser ali suas mãos podres, sujas e grossas a me tocar e a me sentir por fora. E hoje...

Por: Alisson Meneses de Sá

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