quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A IMUNDA, MAS DE NARIZ EMPINADO

Era uma vez uma moça, uma singela moça, sem eira nem beira, a vida dela era pentear seus longos e negros cabelos cacheados e cuidar da sua cútis, no seu quarto ela guardava um arsenal de cremes, de substâncias químicas aprovadas dermatologicamente, eram potes e mais potes dos mais variados produtos, e as cores era uma diversidade só, as cores do arco-íris perdia de tanta mistura de cor que refletia naquele quarto. Suas escovas eram todas guardadas dento de uma gaveta, que ela como se pagasse uma promessa, trancafiava fechando seguramente com uma chave que ela guardava embaixo do seu colchão de solteiro. No quarto só ela dormia, ela não tinha mãe nem pai, morava no pensionato que estava para ser desocupado no final do ano, pois a proprietária tinha que vender por conta de uma dívida que seu filho, um marginal, adquiriu junto a traficantes do morro, que estava localizado logo ali, nas redondezas. Sua vida era composta de rotina, e cumpria fervorosamente aquele ritual um tanto místico, tinha hora pra acordar, e nunca passava daquele horário, e tinha hora pra tudo, até pra suas necessidades mais reservadas. Ela ainda sonha em encontrar seu verdadeiro amor, uma relação perfeita é esperada por ela, algo quase impossível de se acontecer, um homem que possa aceitar todas suas imposições, e seu objetivo é que seja algo rápido, urgente, para que antes mesmo de a pensão ser esvaziada ela possa ter um rumo na vida. No seu quarto foi encontrado embaixo da cama vários pratos e talheres de comida, todos estavam sujos e provavelmente estavam ali há semanas e semanas ou quem sabe meses, a faxineira que deixou de ir labutar na pensão quinzenalmente está indo mensalmente, pois o dinheiro da dona da pensão estava curto e depois de um acordo ela resolveu voltar. Assim que abriu a porta sentiu um forte odor, sentiu por algum instante tonta, aquele cheiro insuportável que provocara náuseas, continuou a entrar no quarto e ficou imaginando como aquela moça, órfã de pai e mãe, conseguia viver naquele quarto. A faxineira ficou a pensar, com a mão no nariz, tentando entender o porquê daquela menina passar tanto tempo na rua, é só chegar em casa à noite. Na cabeceira da cama ela encontrou um prato, com resto de sopa, além do macarrão esverdeado e das verduras com mofo continha umas três moscas, mortas provavelmente por não conseguir nadar, talvez também não suportou o cheiro. A faxineira não sabia o que fazer, tinha vontade de sair correndo daquele quarto e se renegando a entrar ali outra vez, mas se continha, ficava impressionado como aquela moça era tão antipática com as visitas da pensão, sempre de nariz empinado, mas imunda.

Por: Alisson Meneses de Sá

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