quinta-feira, 21 de agosto de 2008

DESPERTEI-ME

Num determinado dia eu resolvi que o mundo seria diferente, que agiria contrariando tudo aquilo que um dia eu construir, influenciado por todo um processo circunstancial de vivência com o mundo. Resolvi que nada daquilo seria mais da mesma forma, seria completamente diferenciado, as cores teriam outros preenchimentos, seus contornos teriam outros traços performáticos, o mundo enfim seria outro. Pensei que se continuasse naquele caminho regressivo talvez meus objetivos fossem esquecidos, pois não se vivia mais a minha vida e sim a vida rotulada, como demanda o meio em que vivemos. Talvez fosse simplesmente um despertar, o sono tinha me domado, entrei em coma, o sonho parecia real, mas as cores eram obscuras, não me recordo dos sons nem dos cheiros, só consigo visualizar as lembranças, só consigo ver as imagens que lá foram projetadas. Mas nada radicalmente foi destruído, algo ainda persiste em me perseguir, não sei, mas talvez tenha ele a função que Clio teve no passado Clássico o papel de escrever o tempo e assim manter o passado. É tão bom ser feliz, correr por entre os ventos frescos da noite fria e se imaginar livre de qualquer situação constrangedora. Independência ou morte é o grito dos que proclamam a liberdade propriamente dita. Valei-me Deus, que a partir de sempre a convicção de que sou capaz de caminhar sem muletas, sem me encostar-se a algo consistente, seja concretizado, pois consistente me tornei. Hoje me perguntaram se to casado, leia-se, namorando, respondi que não que só me envolverei com alguém lá pros 35 anos, ainda tem muito chão pela frente, me acusaram de aproveitador, pois só quis me divertir, eu ri da situação, em outros tempos seria rude, mal educado, chamaria essas pessoas de malucas, hoje acho só graça, fico perplexo de como as pessoas piram quando se fala de relacionamentos, todos atrás de um grande amor, de um amor eterno talvez, de se firmar, de passear juntos e assim poder divulgar: “sou casado”, num é pra ri disso? Eu não me contenho. Vejo que se desmancha no ar toda essa concepção de amor, são meros adolescente e também pessoas já passadas dessa fase, mas com comportamentos que o denunciam. Libertei-me desse mal, no mais quero é ser feliz, se um dia surgir, vejam, se um dia surgir, alguém que me possa satisfazer completamente, aí sim, pode ser daqui a pouco ou lá pros 35 anos ou quem sabe aos 50 ou 60 anos, quem me garante, e pra que o desespero se posso me amar acima de tudo. Viva o amor próprio.

Por: Alisson Meneses de Sá

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