terça-feira, 22 de julho de 2008

VIVA A LIBERTAÇÃO

Não que hoje seja 13 de abril, nem muito menos que estejamos vivendo em 1888, ou ainda que estivéssemos sob o domínio imperial de uma corte que gradativamente ia vermos se desmoronar pelas forças projetadas desde 1789, onde se destacava o grande poder de persuasão científica e intelectual de um povo, nem estamos vivemos a revelia de uma princesa para sancionar oficialmente a libertação de todos africanos que foram trazidos para a terra brasilis nos navios negreiros e assim trabalhar forçadamente, beneficiando a força motriz da economia brasileira daquele período. Tudo parece ser complexo, mas não é, fica simples de entender quando faço tal comparação com o que acabo de passar dramaticamente, pois hoje me sinto livre de algumas correntes que me trancafiavam, parece até exagero meu, mas não é. Por exatamente quatro dias fui extremamente lesado por uma invasão domiciliar, que por se tratar de parentes não podia colocá-los pra correr nem prestar queixa na delegacia por invasão de privacidade, por esses quatro dias tive toda minha privacidade devastada, era como se as paredes da cela na qual eu estava trancafiado falassem e movessem, parecia um pesadelo, mas acho que acordei, acordei na certeza de que a qualquer momento eu poderia ter uma outra súbita invasão, fato este que me angustia de certa forma. Temporariamente estou me sentindo livre, aliviado, como se aquelas correntes que fechavam meu pescoço e tapava minha boca tivessem sido soltas e depois eu tivesse dado um grito ensurdecedor e pulado com tanto afinco que era capaz de tremer a terra com tamanho contentamento. Depois que me vejo longe das garras dos feitores, começo a organizar meu canto, da minha maneira, da maneira mais liberal possível, limpo para desinfetar tudo e só sentirr naquele ambiente o meu cheiro, as minhas características. Em breve estarei visitando-os, com outro olhar, com um aspecto de superioridade, pois serei o invasor de suas respectivas intimidades, sujarei o chão limpo e darei o máximo de trabalho possível como liberto que jamais tivera educação quanto escravo nem como homem livre, cuspirei nas suas respectivas faces enojado por tamanha desumanidade, chicotearei suas costas com luva de pelica e jorrarão dos olhos lágrimas de sangue.

Por: Alisson Meneses de Sá

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