domingo, 13 de julho de 2008

CRÍTICA: ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Foi uma indicação do tipo forçada, alguém disse: - toma, leia, você irá adorar a leitura. A leitura de tudo isso era como tendo que dar prioridade a tal obra e por se tratar de ser um empréstimo assim o fiz para logo em seguida devolver. Foi de fato uma indicação forçada, mas prazerosa, em três dias de constantes leituras, me debruçando nas horas mais propícias estava eu ali, inserido naquela história, fabulosamente contada, me vendo em cada personagem me debruçando em casa sentido que cada frase expressava nas mais diferentes e difíceis circunstâncias. Sabia de Saramago como um escritor, mas de que e para que pouco isso me importava. A obra inicia como sendo tudo real, tudo encaixava perfeitamente na vida normal, no cotidiano de um país qualquer e de uma população normal, assim pude me ver dentro da obra, me transportava para cada personagem ali delineado, pouco me importava com o tipo de literatura que o autor classifica, deficitária em pontuação, somente se debruçando completamente sobre a história para compreender de fato quando e em que hora o autor se separa dos personagens e de suas falas, mas isso não vem ao caso, tudo seguia normalmente quando do meio pro fim do livro percebemos que a história deixa de lado a realidade cotidiana, que podemos normalmente nos espelhar, passando para a ficção, quando percebemos que nada daquilo que o texto se desenvolve aconteceria no mundo concreto, torna-se decepcionante. Se o início do texto não fosse instigante e pouco nos importássemos de saber qual seria o fim daqueles personagens, pois a leitura seria facilmente descartado. O texto não nos entrega nada facilmente, a sua imaginação é que vai contornando toda personalidade de cada personagem ali desenhada, é como se faltasse as cores nos desenhos, como se só existisse o rabisco, os personagens são completamente desprovidos de características mais profundas, como rico, bonito, mal-humorado e coisa e tal, o que os caracterizavam era somente algum status, ou algum objeto conduzido, tipo o médico, a mulher de óculos escuro, a mulher do médico etc. Durante a leitura ficamos na expectativa de que algo no final seja surpreendente, algo que destoasse daquela prerrogativa ficcional da metade do livro, não somente de um final feliz, mas que algo de mais concreto fosse visto. O autor nos surpreende no final do livro, é como se fosse à inversão do jogo, onde durante toda obra se discuti sobre se realmente em terra de cego quem tem olho é rei, na verdade o autor debulha toda essa concepção e desmonta toda uma estrutura já concebida pelas ditas convenções.

Por: Alisson Meneses de Sá

Nenhum comentário: