quarta-feira, 26 de março de 2008

TERÇA RETRÔ EM: ARACAJU SITIADA - II

Percebemos anteriormente que a cidade de Aracaju vivia num turbilhão de acontecimentos revoltosos, querendo medidas urgentes contra o ataque sofrido pelo submarino alemão. Tanto a classe baixa como a alta saia em manifestações nas ruas da cidade. Diante de todos esses acontecimentos o interventor de Sergipe Augusto Maynard manda avisar ao presidente Vargas que o estado estava pronto para qualquer tipo de ataque que pudesse defender o território brasileiro.
De fato a cidade de Aracaju se preparou para qualquer tipo de ataque e as passeatas e comícios tornaram-se corriqueiros, se espalhando pelo interior com intuito de esclarecer a sociedade sergipana tudo que estava se passando no seu litoral. Começamos então a perceber que o medo não só estava no mar, mas também ao nosso lado, um possível vizinho, quem sabe, poderia fazer parte da quinta-coluna. Suspeitos eram presos e depois soltos, pois não tinham provas suficientes. As pessoas viviam amedrontadas, tanto por um possível ataque quanto de ser confundido com um integrante da quinta, onde as agressões a estes últimos eram aterrorizantes, partindo sempre de estudantes.


Em 31 de julho de 1943 um novo torpedeamento, agora atingindo o Bagé. Dessa vez a cidade não recebia a notícia com tanto medo como fora os primeiros torpedeamentos. A cidade se prepara para o ataque, os rádios e jornais noticiavam o treinamento para a população para um provável ataque com exercícios de blecaute. A população vivia polvorosa, onde sequer um fósforo poderia ser acesso para não dá sinal.
A polícia aproveitando do poder que lhes era dado abusava assim da sua patente contra os cidadãos, onde estes não podiam passar das 22:00h e se estivessem sem documentos eram levados presos, sendo amarrados ao cavalo e conduzido até a delegacia.


Os treinamentos deixavam toda a população aflita, pois os aviões davam freqüentes rasantes pela cidade e atingiam pontos já estratégicos, sem contar os pontos em que metralhadoras eram posicionadas nas ruas da cidade. Alguns populares faziam buracos no quintal de suas casas, para na hora do ensaio aéreo se esconder.
E assim viveu a população aracajuana, desde o primeiro torpedeamento até os ensaios de blecaute e os aéreos, se imbuindo do nacionalismo pouco visto nos dias atuais e se projetando na esfera nacional como fator decisório quanto à participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e assim eu finalizo todo esse contexto com uma frase de Antônio Lindvaldo de Souza, que escreveu, Aracaju: memórias de uma cidade sitiada (1942-1945) “Isto é o pouco que sei. Essa foi a história que aprendi...”

Por: Alisson Meneses de Sá

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