quarta-feira, 19 de março de 2008

QUARTA ARTÍSTICA EM: MANGUE

A quarta artística nada mais é do que a exposição de pinturas ou afrescos, onde delinearei o trabalho exposto sob um parecer não tão técnico. De antemão afirmo que meu conhecimento sobre as artes plásticas é bastante superficial, tentando passar do lúdico para o analítico e contextualizar a expressão exposta pelo autor da obra, buscando com isso ultrapassar o amadorismo e indo vagar na comicidade ou no dramalhão mais técnico.

Para iniciar as quartas artísticas, mostraremos uma obra de Di Cavalcanti, intitulada de Mangue. O título em si já nos trás, a princípio, a percepção de que veremos na figura algo sujo e obscuro e para confirmar essa premissa exposta verificamos as cores que com ele o autor expõe seus sentimentos, sempre usando das cores fechadas para se expressar. O mangue é uma aquarela de grafite datada de 1929, Di Cavalcante era considerado um artista modernista que buscava reivindicar suas indignações através de sua arte.
O mangue retrata a história das polacas, as judias, que saiam dos seus países, amedrontadas com o anti-semitismo que culminava na Europa, sendo muitas vezes ludibriadas por homens que as faziam promessas, dizendo que aqui no Brasil se casariam com judeus. Aqui no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, percebiam que foram enganadas e com vergonha de retornar pra seu país, decepcionando toda a família ou com medo da repressão existente lá, resolviam permanecer aqui e ganhar a vida como meretrizes. A obra de Di Cavalcanti retrata exatamente a angustia que viviam as polacas, onde nitidamente a aquarela destaca no centro da imagem uma polaca de cabelos claros com seus dentes completamente descuidada, não deixando escapar, obviamente, o charme que lhes eram peculiar, percebendo ainda na mesma personagem uma bolsa e um leque, sendo segurada pela sua mãe direita. O trabalho mostra evidentemente a movimentação que era as noites dos bordeis no Rio. O artista faz homenagem a um dos bordeis que ele próprio freqüentava, chamado de Mangue do Rio, daí a homenagem ao título, enfatizando além das moças sempre a se oferecer com olhos melancólicos quanto a outros tipos de diversão, onde um homem que está posicionado ao lado direito da tela no canto de baixo, levanta uma garrafa, percebendo que ali não consta mais bebida se posicionando para pedir outra garrafa. A pintura nos dá uma dimensão de alguém, nesse caso o público que admira a obra, está a se levantar de alguma mesa lá posicionada pra circular no salão, daí percebemos que as mulheres, nesse caso, as prostitutas, percebendo essa disposição do eu - personagem, começam a se exibir com seus corpos languidos e caminhadas compassadas pelo salão. Levamos ainda a acreditar que ali a música toca pra descontrair o ambiente onde observamos ainda uma negra completamente nua, agarrada de seu parceiro que a conduz em passos de dança, não se importando com aquele despudor exibicionista da sua amante, pois pra ele, que obviamente seria algum trabalhador que logo deixara seu expediente para está ali, se deleitando nos braços de sua preferida manteúda, o que importava era a diversão e está sempre em companhia de mulheres. Di Cavalcanti é muito claro nessa exposição quando nos delineia de forma óbvia a vida angustiante das polacas que viviam no Rio. A obra foi à polaca Estera Gladkowicer.

Por: Alisson Meneses de Sá

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