segunda-feira, 31 de março de 2008

SEGUNDA CRÔNICA EM: SEMANA SANTA ÀS AVESSAS

ÚLTIMA PARTE


Por conta da noite de ontem eu me acordei no sábado de aleluia disposto, me acordei tarde, me sentindo com o corpo super descansado, com muita vontade de acontecer, logo me deparei na casa com algumas pessoas que já tinha acordado não me recordo quem, depois fiquei sabendo que a leprosa já tinha deixado a casa, pois tinha que voltar a Betânia, por conta da colheita do trigo que necessita de mão de obra. Não sabemos ao certo de como estava o estado da leprosa, pois saiu sem que ninguém percebesse. O ritmo da casa se acelerou com o tempo, depois que todos tomaram seu desjejum, e devo aqui salientar que fiquei abismado com a quantidade de comida digerida por Maria, a gestante, onde José, o piedoso, se dispôs a preparar com bastante afinco sua comida. O almoço teve a contribuição de muita gente, eu coloquei os desocupados do Judas e Pedro para descascar algumas verduras, eu me prontifiquei a fazer um arroz com cenoura, que na verdade pareceu blocos de arroz. Eu estava com muita sede se beber algo e logo me vi tomando vinho queria logo me animar, compensar o dia perdido. Assim que almoçamos nos aglomeramos na varanda e óbvio ficamos observando Maria Madalena contar causos da sua vida e fazendo algumas paródias com os vizinhos que tinham sido bastantes solícitos conosco nos oferecendo além de petiscos uma torta magnífica de macaxeira, que na verdade não deu pra quem quis.
Depois de se dispor a limpar toda a cozinha com uma habilidade surpreendente, Pôncio Pilatos arrumou sua bagagem e sentindo saudosa pela falta que a leprosa lhe causara, voltou pra sua terra de origem a Betânia, talvez fosse ver se tirava a bela leprosa dessa vida inferior que lhe foi oferecida. Após a reunião na varanda recebemos a presença ilustre de Jesus que chegou com Barrabás, este por sua vez chegou bastante tímido, se assustando com tanta irreverência e alto astral naquela casa, em seguida avistamos na praça esportiva um contingente de pessoas se aglomerando e se posicionando para jogar vôlei, daí resolvemos interagir com aquele pessoal, Jesus foi na frente, se sentindo o supra sumo, em seguida fui eu, interagindo com o pessoal pra saber se podíamos fazer um time pra jogar contra, fomos super bem recebidos por todos. A partida rolou até altas horas da noite, onde seguimos após a partida de vôlei para outra de queimado, foi quando percebi que meu joelho não estava muito bem, que tinha acontecido algo de errado, mal podia dobrá-los que sentia forte dores, resolvi me afastar do jogo, por conta da marcação cerrada comigo, como era um jogado bom, todos se viam ameaçados por mim e logo queriam me atingir. Afastei-me do jogo e junto com Judas, em seguida fomos tomar banho de rio, lá colocamos algumas coisas pra fora num papo filosófico, coisas que tínhamos reparado há muito e que tinham se concretizado naquele dia, depois do papo dentro do rio voltamos e pudemos verificar que o jogo já tinha acabado, fomos tomar banho na casa e percebemos em seguida que Maria e José tiveram um desagravo, coisa séria, José já não estava mais na casa, tinha ido pra Betânia, estava se sentido sozinho pela falta de atenção de Maria. Escutávamos a discussão dos dois, pois Maria gritava ao telefone, verificamos que a coisa tava feia, Jesus percebendo o clima péssimo da casa e adiantando que iríamos morrer de fome cuidou em ir pra cozinha e fazer algo para nos alimentar, tentou transformar a água em vinho e o pão em peixe, talvez tenha feito tal milagre, pois não percebemos pela situação de fome que todos se encontravam. Depois do jantar fomos mais uma vez pra varanda e lá nos prontificamos a ficar até quando toda a vodca acabasse, começamos a beber e Maria Madalena se mostra disposta a enlouquecer naquela noite, os goles ingeridos eram enormes, onde percebemos que logo, logo estaria descompensada. Assim que acabamos toda a bebida resolvemos seguir a indicação de alguns aborígenes da região, nos situando das festas que ocorrera naquele dia, fomos numa verdadeira procissão pela cidade de Jerusalém, saindo do Monte das Oliveiras, a cidade tava polvorosa, a primeira estação que fomos não encontramos nada, a festa já tinha acabado por conta de uma chuva que dera, seguimos na mesma procissão em direção a segunda estação indicado, lá percebemos que um trio posicionado tocava MPB, nada a ver com o que esperávamos, talvez quem sabe uma música brega, pois estávamos prontos, ou seja, cheio de álcool.
Maria Madalena, não desgarrando da sua origem adúltera, pois se sentia protegida por Jesus seu salvador está ali presente, se mostrava uma verdadeira mulher da vida, se dispondo com todos ali na festa, sem medo de ser apedrejada em praça pública, demorou. Alguns instantes depois, Pedro, José de Arimatéia e Judas resolveram ir embora, não estavam se sentindo bem ali, demorando um tempo mais, José, Maria e o leproso resolveram também deixar o local, só ficando eu Jesus e Maria Madalena. Continuamos a beber cerveja, enquanto Maria Madalena rodopiava por todo ambiente da festa, eu e Jesus discutíamos sobre várias coisas e não vimos o tempo passar, já era tarde, quando chamamos Maria para se juntar a nós e voltar ao Monte das Oliveiras, quando esta, completamente alcoolizada recusou, nada podíamos fazer, daí resolvemos deixá-la, seguimos outro caminho desconhecido por mim, mas conhecido por Jesus, e como dois loucos e sentido-se um leve frescor de liberdade, resolvemos cantarolar pela cidade, dançando em cantando chegamos ao Monte das Oliveiras quando percebemos que todos dormiam, a casa estava num silêncio só, resolvemos acordar todos, fomos pro quarto do leproso e começamos a cantar, depois fomos em direção ao quarto da Caifás que nem sequer mexeu o corpo, e pra finalizar fomos ao quarto mais cheio o de José, Maria e Judas, ficamos na porta eu e Jesus a cantar em voz alta, ligando e desligando a luz, pra ver se alguém primeiro reclamava, mas ninguém se prontificou a nos xingar, cansamos e resolvemos parar, estávamos exaustos, Jesus colocou a rede de Maria Madalena na varanda e se deitou, eu me retirei do Monte e fui pra praça, queria ficar quieto um pouco, depois de uma hora retornei pra casa, percebi que Jesus não estava mais na rede e agora dividia a cama com Caifás, fui na cama onde estava peguei meu cobertor e fui deitar na rede, num local mais fresco.
Subitamente me acordo com uma brusca queda de chuva e como a casa não é lá essas coisas, me vejo com uma goteira na rede, onde tenho que me levantar e sair dali o mais rápido possível. Armo a rede no meio da sala, mas me sinto desconfortável e procuro um local pra dormir, percebo que na cama onde dormia com Judas, Maria Madalena dorme, esparramada na cama, vou pro outro quarto e vejo um lado da cama onde o leproso se encontrava vaga, me deito lá e espero todos se levantarem, vejo que logo as pessoas começam a se movimentar por dentro da casa e assim todos se levantam, Maria Madalena é a última a se colocar de pé, quando estou passando pra cozinha a vejo ainda enrolada num lençol, quando olhou pra mim começou a ri, depois me lembrei por qual motivo ela ria, ela ontem, no auge da sua loucura sentou no meu colo, eu a agarrei, coloquei a mão por debaixo de sua saia e penetrei meu dedo em seu ânus, foi esse o motivo de tanto contentamento, me recordo ainda que depois que retirei meu dedo do ânus dela levei ao nariz de Jesus de Nazaré que ficou bêbado e loucamente agarrou minha mão não querendo jamais soltar.
Todos estavam se sentido péssimo naquele dia era o último dia de todos. Cedo Caifás, o sonolento, se prontificou a deixar a casa, em seguida o leproso também teve que deixar a casa, depois pude perceber que Pedro, aquele que renegou cristo por três vezes quando estava sendo condenado, não estava na casa, juntamente com Pôncio Pilatos, o bondoso, os dois deixaram a casa assim que chegaram da festa, a casa estava vazia, meu joelho estava por demais dolorido, me recordo depois que Barrabás também tinha deixado a casa ontem antes do galo cantar, mas que voltaria hoje para se despedir do Monte das Oliveiras, depois que almoçamos percebemos pessoas se concentrando no campo de vôlei, eu não estava com a mínima condição de jogar, mal conseguia caminhar, fui assistir, junto com Maria Madalena e Judas, enquanto Jesus demonstrava sua habilidade, quando pouco antes de deixarmos a casa ao longe percebemos a chegada de Barrabás com mais um outro assaltante, vieram com várias bolas de vôlei dispostos a pernoitar naquele campo, só que sua alegria durou pouco tempo, Barrabás não arriscou nenhuma partida mas o outro assaltante que o acompanhava demonstrou categoricamente pra que veio, depois da demonstração esportiva posamos para fotos já de malas arrumadas, celebramos aquele momento histórico e voltamos para Betânia numa condução repleta de pedintes, percebo que uma senhora pobre que conduzia em sua mão um saco plástico cheio de ervas com manjericão, eva cidreira..., o cheiro empesteou toda a condução, as pessoas ao lado da senhora comentavam aquele cheiro insuportável ali dentro, eu achava tudo aquilo cômico, Maria Madalena ria da situação e eu ficava sem graça, querendo obviamente fazer comentários acerca aquela situação mas não conseguia por conta da proximidade das pessoas a minha volta. Descemos já em Betânia e lá nos despedimos com esperança de nos encontrarmos mais vezes num retiro espiritual igual a esse, realizado no Monte das Oliveiras.

Por: Alisson Meneses de Sá

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