quarta-feira, 26 de março de 2008

QUARTA ARTÍSTICA EM: JAN STEEN NO SÉCULO XVII

Fixando-nos na imagem acima, podemos perceber as várias informações que ela nos oferece, delineando minuciosamente os movimentos de cada personagem e dos objetos. A priori, podemos perceber através das vestimentas do personagem o tempo ali presente, talvez por volta dos séculos XVI, XVII, XVIII, onde adentrando ainda mais na imagem verificamos através da janela um casarão, certificamos, assim, que a imagem representa uma região mais evoluída, descartando a hipótese de ser a região, uma colônia européia, por conta também do uso do chapéu, adereço verificado nos homens.
A movimentação da imagem nos oferece mais informações, olhando o foco principal da imagem, a mulher no centro, que segura na mão direita uma jarra e na esquerda uma taça de vinho, tendo apoiado nas suas pernas a perna esquerda do seu companheiro, com um leve sorriso nos lábios a moça dá pouca atenção ao que a senhora de preto, posicionada no lado direito da imagem diz ao homem sentado, a senhora de preto por sua vez, levantando o dedo, fala num tom de indignação, e por sua vez, o homem, sentado, pouco lhe dá ouvidos, rindo de tudo que a mulher, seriamente, diz, algo referente à religião, pois o homem com um pato nas costas ler uma suposta bíblia.
Destrinchando ainda a figura, podemos analisar a condição da casa, a precariedade no cuidado doméstico, daí percebemos ainda no fundo uma espécie de babá que cochila enquanto as crianças, acordadas, se divertem com os objetos que estão ao seu alcance, verificando a pouca higienização, com a mistura de animais dividindo o mesmo alimento com os moradores e as crianças da casa. A luxúria na imagem é tão evidente que a mulher do centro deixa o homem do seu lado colocar uma flor no seu colo enquanto o músico entoa cantigas ao fundo dando a perceber o ânimo da casa.
Precisamente a imagem nos faz entender que se trata de um período em que a fé andava abalada, as pessoas viviam angustiadas por conta da miséria vivida e pouco davam importância com as leis divinas, onde o número de pessoas descrentes crescia abruptamente. As pessoas não se importavam com o amanhã nem com a pós morte, o cristianismo que vigora na Idade Média estava em declínio é quando Lutero encabeça a reforma dentro da igreja e conseqüentemente se afasta, dando início ao cisma buscando agora correr atrás dos descrentes, pregando um formato mais moderado de pedir perdão a Deus e alcançar as graças divinas sem cobrar indulgência, como fazia os católicos.
Jan Steen perfeitamente delineia o que estava acontecendo na Europa do século XVII, usando de cores fechadas para demonstrar a obscuridade do tempo ali vivido, sem muita perspectiva.

Por: Alisson Meneses de Sá

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