segunda-feira, 17 de março de 2008

SEGUNDA CRÔNICA EM: AOS DOMINGOS

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A segunda crônica tem como objetivo expor minhas idéias como autor e colocar no campo da evidência as várias maneiras de se conotar as ações humanas, de forma um tanto quanto peculiar ou não. Toda segunda será apresentada aos leitores do blog Samurai, textos de cunho pessoal, às vezes como uma crônica ou como um conto. Iniciaremos assim essa segunda crônica com dois textos: Aos Domingos e Terceiro olho, que falam exatamente como vejo o comportamento de duas pessoas muito próxima desse que vos escreve.
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AOS DOMINGOS

Ao entardecer ela se arruma, parece uma ópera quando movimenta seus membros em direção a sua face frente ao pequeno espelho do seu quarto, pendurado na parede, em cima de sua cama de casal, sempre solitária. Sua face demonstra ansiedade durante aqueles curtos minutos em que ela fica ali, parada olhando pro espelho e refletindo interiormente sobre o que realmente ela pretende fazer daquela hora por diante, pois, sentia-se impulsionada por algo estranho, talvez fosse um sentimento de devassidão que a toma durante todos os domingos. Dia esse reservado para Deus, segundo a igreja católica, mas para ela tratava-se nada menos do que se entregar ao despudor, deliberando todas as suas energias de mulher promíscua que possa existir em um ser. As horas se passavam e mais angustiada ela ficava, mal sabia dizer se aquilo era somente algo que ocorria somente naquele domingo ou se todos os domingos na qual se disponibilizava de realizar aquele mesmo ritual. Ela ficava naquele estado de congelamento interior parecendo uma criança franzina quando aguarda o cumprimento da promessa do pai em levá-la ao parque de diversão, sempre aos domingos.
Descia as escadas mentalizando pra si todas as energias positivas, descia aquela estreita escada se afirmando não ser aquilo que parecia ser e desvirtuando toda aquela má impressão de mulher vulgar que poderiam logo perceber ser.As escadas era seu primeiro passo para entrar na vida que só lhe era permita aos domingos, conseqüentemente depois que ocorresse aquele instante nada mais lhe importava, se transformava na verdadeira devassa. Quando aquela personalidade de que lhe era peculiar durante os seis restantes dias da semana na qual trabalhava como um ser normal e possuía uma vida extremamente regrada, se acordando às 06:20h da manhã e tomando seu desjejum sempre regado a alguma raiz, não lhe fosse mais necessária, iria dar boas risadas pelo que já tivera que passar.
Rebolava faceiramente por aquela rua de olhares perversos e as vezes de desejo, passava por línguas angustiante de mulheres que desejavam ter nela a mesma ousadia que aquela exuberante mulher exibia, sempre naquele horário e aos domingos. Jamais se sentiu retraída diante dos suspiros de reprovação, erguia fervorosamente seu nariz e seguia adiante como se aquilo pra ela fosse realmente um triunfo, rindo particularmente por saber que daquela ousadia só lhe restava o prazer que mais tarde seria suprido ou quem sabe o encontro do verdadeiro desejo que lhe acometia de tal situação.
Seu retorno era sempre cheio de suspiros ofegantes. Mostrava-se sempre realizada e sempre com um enredo para contar as suas companheiras de vila que por hora também exercia a mesma função que ela. As expectativas sempre eram contagiantes e todas se debruçavam pra ouvir seus sonhos de um dia sair daquela batalha, e sempre aos domingos nutria um amor imensurável por alguém que talvez só nutrisse por ela o desejo de ter aos seus braços e saciar seus desejos mais carnais possíveis, mas pra ela algo mais sempre existia, mesmo que não fosse tão declarado quanto poderia ser, mas que só bastava a sua cabeça criar toda essa situação de reciprocidade que a moça deixava de pensar na sua vida angustiante pra imaginar outra vida com mais sabores e cores vibrantes.
Todos os domingos era assim, uma pedra pra se tirar do caminho e um amor pra se construir, seja lá de que ordem e ou de que raça fosse, o importante que nutra por ela o desejo de te possuir como uma verdadeira mulher e não como verdadeira amante peculiar dos domingos e dias santos.

Por: Alisson Meneses de Sá

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