quarta-feira, 1 de julho de 2009

DEPOIS DE ONTEM


Estou entrevado na cama, com fortes dores nas vértebras. São dezessete horas e trinta e cinco minutos e ainda não tinha feito nenhuma refeição. Desde o desjejum que as dores vem aumentando, cortando de certa forma o apetite. Do meu celular envio e recebo mensagens. Se não fosse a minha impaciência e meu estado pendular de ressaca me confortaria nas leituras literárias. Na minha cômoda de cabeceira, enchi de remédios que pudessem amenizar as dores que no primeiro despertar fui colher na farmacinha improvisada da despensa. O que me salvaguarda neste momento em que as dores estão cessando é meu caderno de anotações na qual escrevo esses rabiscos, para quem sabe desvirtuar os pensamentos nefastos. Não sei o que será de meu futuro esta noite, os meus desejos conduzem a um só caminho que se torna praticamente irrealizável, tendo em vista os últimos acontecimentos. De repente, ouso me levantar para pegar o aparelho celular que se encontrava distante de meu alcance. Uma nova mensagem. Leio, releio e pouco aquelas palavras se expressam. Existe uma dúvida pairando sobre meu inconsciente. Encho-me de tristeza, pois não sou explosivo, nem tão pouco irracional. Meus sentimentos estão a flor da pele, só tinha sentido isso uma única vez, quando da morte do meu primeiro e até agora único amor. Pronto, chega, apesar dessa súbita carência, da abertura do meu coração em prol da paixão, não nasci, jamais, para o auto-flagelo. Sofro como sofre qualquer mortal, sensível, perante a inevitável morte. Preciso me banhar antes que anoiteça e logo após terminar de degustar os bombons alpinos que teimo em digerir para cortar o gosto amargo dos remédios. As dores vão desaparecendo.

Por: Alisson Meneses de Sá

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