terça-feira, 28 de julho de 2009

A FRIEZA

Era madrugada, estava completamente sem sono, depois de tentar fechar os olhos na cama, sem sucesso, resolvo que devo ir pra frente do computador fazer algo, para pelo menos ver se o sono chega, pois amanhã devo viajar a trabalho. Vou direto pro MSN e lá observo as pessoas que também vagam pela madrugada como eu. Mas o que mais me surpreendeu foi à frieza como fui tratado, por um alguém, esse será seu nome, que sempre me fez respirar amor, me fazendo acreditar que ele existe e que um dia eu poderia contar com o seu respirar. Vejam a frieza no nosso diálogo:

Um alguém - oi querido tudo bem?

Eu - olá.... tudo.. queria dormir

Um alguém - e pq não vai?

Eu - porque já sai da cama porque o sono não chega

Um alguém - hum... aí é foda. bem, tb tô sem sono, mas preciso fazer com que ele chegue e estou numa tosse danada, um incomodo danado. Bj. que seu sono chegue logo

Nem tive como responder, pois a dita criatura já tinha ficado offline. Nossa, o pior é que não dar pra medir a situação, o quanto essa frieza pra mim foi constrangedora e incômoda. Entendo que após tudo o que se passou entre nós, e já conhecendo perfeitamente como processa as informações, iria agir dessa forma ou pior, na verdade aquele dia, a beira mar, cantarolando canções de amor só pra eu escutar, como se estivéssemos num vazio, foi somente uma estratégia para não ficar sozinho, enquanto eu me debruçava em sentimentos vis, por ter sido deixado por outrem. Entendo. Mas fico magoado. E se assim for interessante para nos dois, que assim seja.

Por: Alisson Meneses de Sá

segunda-feira, 27 de julho de 2009

UMA NOITE COM MEDÉIA

Medéia nunca entendeu porque seu nome era esse, sabia somente que seu pai era um aficcionado pela literatura de Eurípedes e que seu nome era originário de uma de suas obras... Pobre Medéia.

Medéia estava exausta pelo dia cansativo que tivera, por conta do curso de bons costumes que sua mãe a forçava a fazer para assim ocupar sua mente, já que sempre ficava a arquitetar planos mirabolantes e desde criança era tida como criança travessa e encapetada, pelas brincadeiras sempre regadas a terror. A noite tinha chegado, era um dia de domingo, pois tinha acabado de chegar do curso de bons costumes e o módulo tratava de ensinar as moçoilas casadoiras a pintar figuras com tinta guache, sempre adornando em panos de prato ou panos decorativo para mesa, Medéia achava tudo aquilo tedioso, mas tinha que cumprir, pois seu boletim de comportamento e freqüência era mensalmente enviado para Rua da Aurora, 1419, onde morava desde os 14 anos de idade. Ao acordar, após um sono de descanso, Medéia resolve que precisa sair urgentemente de casa, sua mãe estava a receber alguns parentes e a casa ficava minúscula diante de toda aquela gente sempre em movimento, sem contar às crianças que por ali circulavam em estado de êxtase. Aquilo tudo era abominável aos olhos da impaciente Medéia, quando sugere pra si mesma em dar uma curta caminhada na praça do bairro dos bandeirantes, além do mais desejava estirar as pernas pra não dormir cedo e acordar na madrugada com o sono seco, a deixando impaciente na cama.
A praça tornou-se a perdição pra Medéia que estava em crise existencial. Seu último relacionamento abalou sistematicamente sua estrutura emocional, ademais, ela não podia contar com a ajuda das pessoas que a cercavam, estando completamente esquecida em meio ao acaso. Sustentou-se pela força de uma nova estrela que surgiu no céu, onde todas as noites conversavam horas e horas a fio, ouvindo atentamente as palavras de conforto que a acalmava. Medéia não tinha mais como contar com as forças do antigo que sempre lhe foram presentes. Estava ela se acostumando com o novo o diferente e aquilo estava lhe sendo confortável.
Caminhava pela praça com passos bem apressados parecendo querer expurgar todos os pensamentos maléficos da mente, quando cruza inesperadamente com Jasão e Gláucia, de mãos dadas e com aparência de felicidade irritante, não sabia Medéia como reagir diante daquela situação tão pitoresca, Jasão fora seu namorado no passado e a tinha trocado justamente por Gláucia. Pensava consigo mesma que baixar a cabeça para não os enxergar seria sinal de fraqueza, e fraca ela nunca gostou de ser mostrada, ergueu a cabeça e cinicamente ao avistar o casal abriu um sorriso que ultrapassava o ardiloso. O casal assim que a avistou seguiu em sua direção e de longe deram sinal de que queria prosear com a desconfiada e desajeitada Medéia. Pararam os três em meio aquela praça, se entreolharam, mas Jasão logo cortou o clima inicial de desconforto que tanto Medéia quanto Gláucia ficariam, apresentaram as duas que se cumprimentaram apertando delicadamente a mão uma da outra. Logo Jasão quis saber da vida de Medéia, fazendo insistentes perguntas quanto sua família, seus estudos e sobre seu futuro. Aquele questionar de Jasão e o abrir de boca enfadonho de Gláucia, a deixava interiormente enjoada, queria Medéia tudo naquela noite menos encontrar aquele casal que aparentemente mostrava-se perfeito, quando repentinamente ela ouve Jasão perguntar o que ela iria fazer naquela noite. Medéia inesperadamente ficou sem saber o que responder, olhava pras mãos dadas do casal e percebia Gláucia apertar a mão de Jasão desconfortavelmente. Jasão não esperou Medéia terminar de gaguejar para responder o inesperado, logo a convidou em acompanhar o casal a sua casa que também era naquelas redondezas, não esperando nenhuma reação de Medeia, Jasão a agarrou pelo braço o deixando no meio das duas e a conduziu por entre a praça até chegarem à sua casa.
A casa era perfeita, da mesma forma que Medéia sempre sonhara para sim quando fosse agraciada ao matrimônio, com o homem ideal e aquela forma de arrumar a casa, sempre tudo perfeito, demonstrava, segundo as dicas das aulas de bons costumes, que o casal vivia sempre em harmonia e felizes. Aquilo deixava Medéia com inveja do que Gláucia representava para Jasão. Provavelmente uma mulher perfeita.
Sentada no sofá da sala, Jasão servia um licor de passas a Gláucia e a Medéia que logo recusou por conta de não querer parecer tonta quando chegar em casa. Jasão era um bom convencedor, trabalhava com vendas, Medéia acabou aceitando uns goles daquela taça que Jasão a tinha oferecido. Após uma longa conversa relembrando o tempo em que os dois namoravam Medéia percebia-se meio soltinha e observava Gláucia que nem um pouco se mostrava desconfortável por ouvir pacientemente àquela história. Jasão sentou ao lado de Medéia na mesma poltrona enquanto Gláucia cruzava as pernas e empinava seus seios fartos, adornando o decote do vestido de cetim de bolinhas brancas com babadinhos nas bordas que a vestia. Jasão se direcionando a Medéia com ar de devorador faminto, e era Medéia, naquele instante, a carne perfeita. Jasão apertava seus joelhos dizendo do desprazer de nunca os tocar nos tempos de namoro, aquilo tudo causava risos em Medéia, que nada estranhava das verdadeiras intenções do casal.
No momento em que Medéia se distraia, observando as poses que Gláucia fazia diante dos dois naquele sofá, Jasão subitamente a agarra e tasca um beijo. Medéia em nada se indigna com aquela ação brusca de Jasão e receptivamente acolhe Jasão em seus lábios, mostrando-se susceptível àquela situação inimaginável que o casal pretendia proporcionar. Jasão a agarrava com bastante afinco e logo se pôs a acariciar suas pernas enquanto a beijava, deixando vagarosamente suas mãos subirem em direção as partes íntimas do corpo impenetrável de Medéia. Aquilo tudo a tinha lhe transformado em tudo o que sempre desejou, mas que as convenções jamais permitiriam. Estava ali, em meio a sala da casa de Jasão, completamente despida pela força bruta dos braços de Jasão que a desejava ferozmente enquanto sua mulher Gláucia observava excitadíssima aquela situação. Medéia gemia feito uma gata no cio, seu corpo estava sendo completamente possuído por aquela invasão de mãos e de boca que Jasão se prestava.

Por: Alisson Meneses de Sá

segunda-feira, 20 de julho de 2009

AMIGO NOVO, NOVO AMIGO


As coisas parecem estar dando um outro contorno, sinto nesse exato momento um vento fresco adentrar por minha janela enquanto a vitrola toca algo mais eclético para uma noite um pouco depressiva, ou melhor dizendo, nostálgica, memoralista, cheia de dúvidas e adornadas de conflitos, pois é raro os momentos de completa liberdade dentro do meu quarto, parecendo um daqueles personagens introspectivos e mitológicos, para mim, de Clarice Lispector, na sua mais tenebrosa angustia.

Esse vento fresco e gostoso tem na sua mais performática forma, nome, sobrenome e endereço fixo. Mora lá na cidadizinha de Chamgrilá e seus gostos assemelham-se ao de Narciso, pois somos completamente narcisistas e morreríamos se não nos refletíssemos. Assim é meu mais novo e queridíssimo amigo de sobrenome Hara, e por incrível que pareça a sua primeira impressão sobre este que vos escreve foram assim, uma das piores, para dramatizar um tiquinho, e depois, como algo assim quase inexplicável e pouco esperado nos vimos em meio a uma maré de afinidades, aliás, grandes afinidades e assim estamos a construir com alicerce de concreto firme uma grande amizade.

Costumo sempre enfatizar que colegas eu possuo em grande escala, mas com esses pouco ou quase nada posso contar, caso precise, já os amigos, mal fecham uma mão se for pra contar nos dedos e se não for precipitação de minha nobre parte essa nova amizade está ali, no dedo mindinho, mas está, e assim me fortaleço por tão ilustre participação.

Aos meus verdadeiros amigos costumo interligar a musicalidade, como para eternizá-los, assim o fiz com as canções de Ivete Sangalo, Maria Bethânia e como não poderia de deixá-lo de fora, estava ouvindo uma música de letra incondicionalmente bela (neste momento desligo a vitrola e pego meu MP4, direciono na música para ter a certeza) e nos vejo nela, exatamente como canta a canção “Sutilmente” de Skank.

Por: Alisson Meneses de Sá

PRA LÁ SE VÃO


Na minha mais desamparada desilusão, eu me atenho aos mais simples rabiscos, em depoimento para o meu mesmo eu. Detenho-me nas minhas mais solitárias leituras de principiante, como fiz na madrugada passada (uma aí qualquer) sozinho na plenitude da lua, adentrando ousadamente nas mais definidas poesias de Ferreira Gullar, buscando algo que justificasse o vazio que vagueia dentro de mim. Falta algo mais consistente que foge da perspectiva sentimental que eu pudesse focar e assim galgar o esperado.

Recebo uma ligação, após algumas mensagens conturbadas de um alguém do meu passado, passado esse não tão longínquo, detalhando que passa por situação difícil, mas que já almeja novos planos pro seu futuro. Momentaneamente fico deslumbrado com a facilidade que as pessoas encontram para definir projetos de vida, às vezes radical, mas a vida é assim mesmo de dar a cara a tapa e aprender com todas as circunstâncias favoráveis ou não.

Percebo que tenho meus pés extremamente arraigados nas minhas origens, além do mais me falta insegurança, talvez por ter fracassado lá no passado e esse medo me deixa um tanto quanto imóvel e essa lentidão me incomoda absurdamente, pois observo atônito as pessoas passarem em direção ao futuro enquanto o meu medo me detém.

Por: Alisson Meneses de Sá

domingo, 19 de julho de 2009

O MENDIGAR

Nunca mendiguei por atenção como mendiguei nesses últimos dias. Não desejo os holofotes advindos da popularidade profissional, isso me preenche em termos, nem tão pouco me servir de conselheiro familiar, que tenho me servido ultimamente e que de certa forma me satisfaz, mas não me preenche. Mendigo atrás das velhas amizades e dos velhos amores, e atrás desse processo me vejo como àquela velha caquética que tanto critico por seu isolamento e em muito por sua repulsa por si mesmo, de tanto criticar estou me transformando no seu espelho.

Quanto aos velhos amores, se é que eles ainda existem, continuo dando as chances, depois de evidências e evidências que me conduz a mais perfeita desconfiança, e triste daquilo que percebo, sou matreiro nas minhas análises de desconfianças e tudo tem como justificativa uma vingancinha lá do passado. E quando me acordo ao receber aquela ligação que tanto esperava ontem à noite, achando que ia ouvir: - vamos nos encontrar hoje. Não, foi um som frustrante: - que pena que não vamos nos ver dessa vez, mas deixa pra próxima. Assim, patética ficou minha face em meio aquilo tudo.

Ponho-me a pensar nessa coisa de correr atrás, a mendigar por atenção, por ser notado, e me levo a comparar com o novo que acaba de surgir, pois é evidente uma troca confortável, sem esperar que a outra parte faça “a mais” para o outro agir na mesma medida. Noto uma espontaneidade, um prazer em dar prazer e uma singularidade de pensamentos.

Por: Alisson Meneses de Sá

MEU DESESPERO!

Na véspera de viajar ligo pra ter certeza que estás no estado.
A três horas de relógio da capital eu ligo.
Pela manhã do outro dia...
Aviso que estou indo pra capital.
Quero lhe ver, mas tenho que cumprir uma agenda.
Mentira, é pra não dizer tão claramente que o único objetivo da minha ida é você.
Assim que chego, em minha casa, deitado na cama, ligo.
Digo que já cheguei e que assim que terminar de tirar um cochilo ligo.
Acordo em meio a muita conversa em casa.
Telefone celular desligado.
Tento várias vezes.
Na última tentativa obtenho sucesso.
Conversamos, não está muito bem, diz.
Termina a conversa prometendo me ligar.
Volto pra cama, quero está relaxado.
Penso em sairmos pra jantar.
Penso em me entregar completamente.
Penso e penso e penso.
São 10:00 da noite, passa 11:00, chega as 12:00.
Não me ligarás mais.
Dito e feito.
Vou ler pra elevar meus pensamentos.
Durmo tarde.
Cedo recebo uma mensagem, aliás a mensagem foi enviada na madrugada.
Desculpou por ter dormido e que a turma estava chamando pra sair.
Mas não queria ir.
Que desculpas.
Ninguém arrasta ninguém a canto algum.
Vai porque quer ou porque tem vontade.
Raiva eu? Imagina...

Só mais um...

Por: Alisson Meneses de Sá

quinta-feira, 9 de julho de 2009

APRENDI O VENTO

aprendi o vento nas trevas doendo
aprendi no escuro das trevas
aprendi nas telhas
moendo meu sopro
aprendi como um bicho
aprendi o uivo
do outro bicho
como a viga
o estalido
de outra viga


Vera Lúcia de Oliveira



Aprendi e como aprendi. Aliás, continuo aprendendo, e como. Aprendo com meus maiores erros. Minha vida é toda desenhada de altos e baixos. Apaixonei-me, fui ao ápice da paixão por exatamente uma semana, depois caí, despenquei de uma altura significante, outros não sobreviveriam. Consegui, me ergui, na verdade, quando despencava fui ajudado por um anjo, era o mais belo dos arcanjos celeste, de barbicha e cabelo cuidadosamente penteado. O anjo não tinha obrigação, pois a minha entrada no reino do céu era eminentemente proibida. Sentia-me indigno de sua ajuda diante de tanto chute e afronta que lhe ofereci. Sentamos numa noite de pura angustia minha, egoísmo meu. Despejei ali todos os meus verdadeiros sentimentos em dizer que somente “gostava”. Dali tudo se modificaria, até o momento em que pode está presente. Hoje foge de mim como o diabo foge da cruz. Não vejo erro nisso, pelo contrário, faria o mesmo nas mesmas circunstâncias, ajudaria o próximo até meu limite, mas quando me sentisse ferido sairia à francesa. Pela distância em questão, o que antes não era empecilho hoje é um divisor de águas. Seria injustiça de minha parte, caso não aceitasse essa opinião, pelo contrário, sinto-me apreensivo, mas acredito na possibilidade de você encontrar um alguém que possa suprir as necessidades que imaginou eu corresponder e que por uma grande infelicidade da vida ou talvez desvio de flecha, não pude retribuir aos seus desejos. Aos poucos eu vou-me formando nessa academia chamada vida.

Por: Alisson Meneses de Sá

segunda-feira, 6 de julho de 2009

EU E ELA

Eu as pego e daí?
Os meus amigos mais chegados já estão mais que acostumado com essa minha de pegar elas. Já os não tão chegados assim ainda se assustam com essa minha tirada de dar uns apertos nelas. São loiras, morenas, ruivas, depende, elas tem que ser muito gostosas. Não pego qualquer bagaçada, tem que ter presença, esse é o principal requisito, sem contar de que elas nunca são enganadas, se topar é porque gostam mesmo. Isso sempre acontece em festas e quando eu estou assim as atacando diretamente é porque a minha volta não tem ninguém a minha altura, ninguém que possa me desvirtuar, daí só sobram elas pra pegar. Pego mesmo de jeito, e as deixo maluquinhas, porque minha pegada é única. Meu medo é me apaixonar por elas, bom acho que num corre muito risco, agora o contrário eu morro de medo, elas estão carentes, necessitadas de uma maior atenção e papai aqui sabe dar a devida atenção, por isso eu pego mesmo. Diante da crise mundial que se alastra, é certo que fui afetado sentimentalmente, topo qualquer parada com elas, com cautela é óbvio, sempre bem devagarzinho pra elas não se assustarem e depois de uma crise emocional só sobra elas mesmo, dá uma desilusão procurar a outra espécie que só vendo. A sensação é esquisita, mas confesso é excitante, dá vontade de conhecer o novo o diferente, sair daquela mesmice repugnante. Ta eu ontem, sentado num barzinho, ouvindo uma boa música, tomando uma gelada quando ela olha pra mim e eu olho pra ela. Ela estava acompanhada de uma turma, e tava soltinha, dançando. Eu a observava, já analisando o território. Ela olhava disfarçadamente, daí senti algo estranho no ar. Cuidei em me certificar se ela estava acompanhada, e o que deu pra perceber foi que não, daí nossos olhos começaram a se cruzar com uma certa freqüência, quando do nada um rapaz que estava na turma a puxa pra dançar e a beija. Perdi o chão e dali não saiu mais nem sequer uma olhada. Não me deprimir. Voltei pro meu outro estado.

Por: Alisson Meneses de Sá

sábado, 4 de julho de 2009

COM QUE ROUPA EU VOU

A tarefa era: desfile do homem itabiense – o competidor deverá representar a beleza do homem que reside em Itabi, demonstrando o seu modo de se trajar, no seu cotidiano. A tarefa fez parte de uma das atividades da Gincana Cultural, Nossa Cultura, Nossa Gente, realizada no encerramento semestral da Escola Estadual Maria das Graças Menezes Moura. O que não se esperava foi quanto à problemática criada em torno dessa tarefa, pois as equipes ávidas para dar o seu melhor, se titubearam em dar conta do recado e após apresentação das equipes na chamada culminância do projeto escolar, somente uma equipe de fato teve sua representatividade, composta, conforme manda os padrões estéticos de se vestir do homem itabiense.
O modo de se vestir é antológico, e nos remete ao período pré-histórico, onde as roupas não surgem como forma de cobrir as partes íntimas do corpo e sim para se aquecer em períodos de frio, haja vista a grande parte do planeta neste período ser frio. Já adentrando na história propriamente dita, no período clássico, o homem não se condiciona a se vestir para se proteger do clima frio e sim para proteger seu corpo de possíveis ferimentos nas grandes batalhas de invasão, nesse momento a beleza da forma física é externalizada. É na Idade Média, mais especificamente com o surgimento do cristianismo que o homem se molda a cobrir seu corpo como um ato de respeito as leis de Deus. A igreja católica se baseia no castigo que o homem deve cumprir desde quando Adão e Eva foram expulsos do paraíso, onde a folha de parreira que simbolizava a inocência e a pureza do homem era substituída pelas pesadas vestimentas de algodão, pois o homem já não era tão inocente como se esperava ser. Desse último período pouca coisa foi modificada e o homem continua a se cobrir conforma manda a bíblia sagrada.
O homem itabiense segue exatamente essa perspectiva de se vestir, mantendo a elegância no trajar para assim agradar aos olhos de quem o observa. Ele se atualiza conforme as tendências e muitas vezes ou quase sempre se priva do ultra moderno, se resguardando da opinião popular, temendo em muito a aproximação aos afeminados. O homem que reside em Itabi é cauteloso, não usa chapéus de palha convencionalmente, nem usa enxada na mão para ir ao banco, pois estes são símbolos caricaturais do homem nordestino.
A passarela desses que se atualizam quanto as tendências do bem vestir é justamente a contraposição entre o sagrado e o profano. É a passagem da igreja para a diversão, o Acri Clube. E naquele trajeto, que segue entre a Praça São João, mais conhecido como Cruzeiro que está a passarela mais cogitada dos que são aficcionados por moda na cidade, é ali que se vislumbra a passarela do São Paulo Fashion Week, sempre voltado para o que a mídia veste.

Por: Alisson Meneses de Sá

CONTRADIÇÕES E REVELAÇÕES

Oxalá eu não me arrependa do que escrevo!
Sinceramente não me senti nem um pouco confortável. Tá certo eu já sei que a outra pessoa tinha problemas psicológicos e eu quase entro numa roubada sem tamanho. Isso já é sabido por mim. Depois de me angustiar, de entrar em pane cerebral de fazer vários e vários interrogatórios a mim mesmo e não obter nenhuma resposta, tive da própria pessoa a resposta que pretendia ouvi. Etapa já superada. Ufa!
Tranqüilo, quando estamos envolvidos ficamos meio que cegos, mas toda opinião de amigos, verdadeiros amigos, são super válidas. Das duas uma, se soubesse de tudo que fiquei sabendo ontem na praça de alimentação do shopping, numa conversa meio que por acaso, não entraria tão de cabeça como entrei nesse caso ou então não daria ouvidos e hoje estaria me culpando por tudo, até por não dar ouvidos aos meus melhores amigos. Por tudo que já foi construído, pela sinceridade já alimentada, pela confiança depositada, percebo que se estivesse entrando numa fria, numa enrascada eu jamais teria o apoio de ninguém, iam só lamentar a minha desgraça e depois iam dizer que sabiam de tudo. O bom disso tudo e aí vai meus elogios aos que me contaram da história meio que nebulosa, que antes tarde do que nunca, isso só fez mesmo com que eu expurgasse de uma vez por toda aquela coisa ruim que estava dentro de mim, foi uma situação radical que condicionei aos meus sentimentos a exercerem tão abruptamente. Cortar todo mal pela raiz, de uma vez por toda. Pelo que vocês já me conhecem eu sempre, mas sempre dei ouvidos as opiniões dos sinceros e reais amigos. Parece que todo o mundo já sabia do passado da dita criatura, menos eu. É como se todo bairro comentasse a minha situação de traído, me apontando pelas costas como um coitadinho. Tudo parece um drama encenado somente por mim, até ta açucarado, mas estou dando a conotação real dos meus sentimentos.
Não tirem, meus amigos, conclusões precipitadas, ainda quero assistir muitos e muitos filmes com vocês.
Beijos!

Por: Alisson Meneses de Sá

sexta-feira, 3 de julho de 2009

NA BEIRA DO MAR


Parati, alguns quilômetros de distância da orla de Aracaju. O sol estava se pondo, todos que nos acompanhavam logo se despediram para a noite nos encontrar. Resolvemos continuar ali, sentados, nos dois. Eu com meu pé ainda molhado, por entre suas pernas, acariciando. Nada ao nosso redor parecia nos incomodar, aquilo aos olhos natural não era normal. Fiquei tão entregue aos seus verdadeiros sentidos que não tive como evitar as lágrimas ao descerem por minha face. Era tudo tão poético, mágico quando resolveu entoar, tendo como instrumento único, o bater da água do mar na encosta. Mesmo sabendo que a verdade já tinha sido dissipada, na noite anterior enquanto degustávamos uma grande variedade de shushis, mas mesmo assim sentia por dentro um vazio por gostar de estar ali, mas os meus desejos sentimentais imploravam para ter notícias de outrem. Locupletei-me de choro enquanto as letras rimadas saiam daquela boca que tanto já me beijou, com vigor.

Por: Alisson Meneses de Sá

quarta-feira, 1 de julho de 2009

DEPOIS DE ONTEM


Estou entrevado na cama, com fortes dores nas vértebras. São dezessete horas e trinta e cinco minutos e ainda não tinha feito nenhuma refeição. Desde o desjejum que as dores vem aumentando, cortando de certa forma o apetite. Do meu celular envio e recebo mensagens. Se não fosse a minha impaciência e meu estado pendular de ressaca me confortaria nas leituras literárias. Na minha cômoda de cabeceira, enchi de remédios que pudessem amenizar as dores que no primeiro despertar fui colher na farmacinha improvisada da despensa. O que me salvaguarda neste momento em que as dores estão cessando é meu caderno de anotações na qual escrevo esses rabiscos, para quem sabe desvirtuar os pensamentos nefastos. Não sei o que será de meu futuro esta noite, os meus desejos conduzem a um só caminho que se torna praticamente irrealizável, tendo em vista os últimos acontecimentos. De repente, ouso me levantar para pegar o aparelho celular que se encontrava distante de meu alcance. Uma nova mensagem. Leio, releio e pouco aquelas palavras se expressam. Existe uma dúvida pairando sobre meu inconsciente. Encho-me de tristeza, pois não sou explosivo, nem tão pouco irracional. Meus sentimentos estão a flor da pele, só tinha sentido isso uma única vez, quando da morte do meu primeiro e até agora único amor. Pronto, chega, apesar dessa súbita carência, da abertura do meu coração em prol da paixão, não nasci, jamais, para o auto-flagelo. Sofro como sofre qualquer mortal, sensível, perante a inevitável morte. Preciso me banhar antes que anoiteça e logo após terminar de degustar os bombons alpinos que teimo em digerir para cortar o gosto amargo dos remédios. As dores vão desaparecendo.

Por: Alisson Meneses de Sá

NÃO FOI TÃO PERFEITO ASSIM


Tudo parecia perfeito quando fui subitamente despertado pela voz da cruel realidade. E da mesma forma que entrou, tão abruptamente, saiu grosseiramente, sem desculpas ou se desculpando através de justificativas infantis, basicamente sem fundamentos reais. Tudo fazia parte de uma farsa que eu, loucamente apaixonado, não conseguiria jamais descobrir. Meu coração se condicionou a sofrer sozinho o mal do amor, me trancafio na mais alta masmorra e de lá do pico, atiro a chave no lago, esperando seu sumiço. Adentrei-me na mais pueril insensatez e dela só devo colher amadurecimento. Fui visto como explosivo sem ao menos me darem a chance de mostrar o outro lado. Tudo estava sendo preparado com esmero, calculando-se milimetricamente as funções de cada detalhe quando fui acordado por um balde repleto de cubos de gelo, como se eu nada mais representasse ali naquela história. Há quem diga que tudo não passou de uma vingança infantil, pois no passado sofreste pelas mesmas circunstâncias que me fazes sofrer agora. Psicologicamente tudo se tem uma justificativa. Não me arrependo por ter me entregado tão facilmente quanto aos meus sentimentos. Repetiria tudo com a mesma intensidade, já que isso só foi visto uma única vez, anteriormente, quando a morte me despertou. Agora tenho a oportunidade de refazer os erros do passado. E para todo mal tem o bem que faz toda essa perspectiva lancinante.

Por: Alisson Meneses de Sá