Seria trágico e indizível se não fosse jocoso e completamente descritível o forró conhecido como “forró das veias”, localizado numa casa afastadas da cidade de General Maynard. Não serei hermético ao retratar aqui a imagem fotográfica que se desenhou desde o momento que aportamos naquele terreno, que mais parecia um sítio do que salão de festa. Já era tarde, pois o dito forró se inicia cedo, ou seja, pós às 21:00h a casa começa a emitir seu costumeiro som de pé-de-serra. Estávamos em outra cidade, noutra festa quando resolvemos passar por essa tão afamada festa de interior. Ao longe já ouvíamos o som se desenvolvendo, nada fora do comum daquilo que se imagina nessas festas de interior, logo mais afastada da cidade, a casa era única na região, ao seu redor não era perceptível nenhuma residência. Era uma casa com um salão enorme ao lado, espaço esse para dança, o bar ficava localizado internamente, as mesas ficavam dispostas ao redor da casa/club/bar para que o espaço de salão seja só e unicamente para dançar ou ralar o bucho como chamam os nativos. O salão estava lotado, as pessoas por sua vez pareciam hipnotizadas com o som que ali era emitido, dançavam descompasadamente, alguns com um certo gingado. As idades eram diversas, apesar do nome que atraia a população eles se misturavam parcialmente, entre adolescentes e senhores de idade, seguindo o objetivo geral de diversão, fugindo talvez das mazelas da vida. A embriaguês era um fator que se generalizava, a tônica para toda aquela movimentação, enquanto a poeira do chão levantava no terreiro. Uma senhora de seus sessenta anos chamava a atenção naquele ambiente, tanto na desenvoltura da dança como no recurso que ela utilizava, talvez pra chamar atenção ou atrair algum homem para finalizar sua noite, ela levantava compassadamente seu vestido florido, depois levantava sua anágua cor de rosa deixando à mostra sua calcinha, e pra finalizar aquela dança do acasalamento, abria um sorriso, mostrando seu único dente da frente; a risada a zombaria tomava conta de todo aquele espaço. Dentro do bar o dono do espaço vendia bebidas e alguns petiscos, sua fisionomia era comum, quase de satisfação dentro do bar, a movimentação estava animada e os lucros pareciam dar mostra. Sentadas, observando com um certo ar de irritação, pavor e nojo estavam a mulher do proprietário e sua mãe, ambas possuíam traços de evangélicas ortodoxas, pelas roupas e fisionomia sem maquiagem, pareciam desconjurar tudo aquilo, olhava para as meninas que ali andava quase desnudas com repugnância, meninas essas que em muito freqüentavam aquele forró justamente para prestar alguns serviços aos homens ali solitários e sedentos para fugir da suas respectivas rotinas.
Assim feneço tal descrição que fora dali seria incapaz de ser visualizado, não pelas pessoas toscas que freqüentam e que fazem aquele forró, mas pela estrutura humilde, tanto da localização quanto do povo, tão incapaz de insurgir.
Por: Alisson Meneses de Sá
Assim feneço tal descrição que fora dali seria incapaz de ser visualizado, não pelas pessoas toscas que freqüentam e que fazem aquele forró, mas pela estrutura humilde, tanto da localização quanto do povo, tão incapaz de insurgir.
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3 comentários:
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