quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CONVERSA SÉRIA

Num escritório, em meio a uma quantidade exorbitante de papeis.

- Você realmente não mais disfarça.
- O que é que você está falando, não estou compreendendo seu jeito agressivo para com minha pessoa.
- Ora! Como você consegue ser assim, tão fria e dissimulada, eu achei que tinha uma amiga, mas não.
- Mas eu sou sua amiga Eugênia, sempre serei, agora eu não estou lhe entendendo a sua forma rude de se dirigir a mim.
- Não, você é que ta calma demais Marta, você é muito fria, age como se nada ocorresse.
- Mas não está acontecendo nada comigo, a não ser que você sente nessa cadeira e comece a me explicar o que se passa de tão grave, daí talvez eu comece a me desesperar.
- Quanta tranqüilidade a sua.Você é extremamente interesseira e age como se tudo isso fosse comum.
- Que tipo de interesse é esse?
- Você só foi pro sítio no final de semana passada comigo porque sabia que seu namorado, ficante... sei lá mais o que, do Alfredo estava por lá.
- Não, você está enganada, ta certo que ele foi mais um motivo impulsionador...
- Pare! Pare por aí, não vem que não tem. Na sexta você tava num contentamento só, porque ele estava lá.
- Sim, estava e era pra ser diferente? Acho que não né?
- No sábado porque esse contentamento feneceu? Ele já tinha ido embora não é?
- Não sei, estava cansada.
- Você nem deu a mínima atenção a mim, fiquei lá, completamente sozinha. Você disse que ia beber água na cozinha e foi pro quarto dormir.
- Já disse, estava cansava.
- Te acho tão individualista e interesseira, porque se gosto de você como amiga lhe trato como tal.
- Eu te acho uma verdadeira amiga.
- Não acha mesmo, senão não se comportava assim, tão individualista.
- Paranóia de sua cabeça.
- Pois é, você não tá nem aí pros meus sentimentos.
- Não é bem assim, sempre conversamos.
- Eu que tenho que te ouvir.
- Não, não...
- Sim, sim, sim. Você só faz o que lhe convêm. Já eu penso no conjunto, tento agradar a todos me desfazendo de interesses próprios.
- Quanto drama Eugênia.
- Quanta ilusão Marta. Não se perca amiga, porque você está perdida, capaz de fazer loucuras por Alfredo, fico temerosa, sua mãe me disse que você se comporta como uma louca quando quer dinheiro pra sair com ele, quebra coisas dentro de casa. Mas se ele lhe faz feliz, quem sou eu pra impedir. Você agora só vive na base da vida dele. Surpreendeu-me dias desses quando você me chamou pra sair em plena quarta-feira à noite pra aquele barzinho da praça do meio, você não suportava sair pra beber durante a semana, no outro dia era certeira sua dor de cabeça. Quando cheguei lá foi que entendi o real motivo. Talvez Alfredo fosse pra lá com uns amigos. Senti-me como um animalzinho de estimação. Foi tão ridículo. Daí resolvi juntar tudo.
- Nossa você ficou tão ressentida, nunca imaginei que isso fosse deixá-la assim.
- Se fosse um caso isolado, você tenha a certeza que não ficaria ressentida. Mas pra você é como se entrasse por ouvido e saísse por outro.
- Amiga perdão, não tive essa intenção.
- Eu sei, mas me comportarei contigo de forma diferente.
- Não...
- Com o tempo você perceberá. Odeio me sentir usada. Já estamos conversadas. Passe-me esses arquivos, por favor.
- Eugênia, vamos ver um filme quarta-feira à noite?
- Pode ser.

Por: Alisson Meneses de Sá

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