terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O CONVITE OU A FEIJOADA

- Eu só queria que recordassem de minha nobre existência sempre, não só em momentos de diversão ou no fulcro da solidão, pois penso e se penso logo existo. Não pretendo ficar de escanteio para as horas mais convenientes, como se fosse um brinquedo de estimação. Chamo-me Pedro Ávila, solteiro de nascimento e por opção. Casamento? só em outra vida. Fui preterido recentemente. Tranco-me no meu quarto escuro e lá fico só a escutar o barulho dos grilos, parece, não tenho tanta certeza, que só eles me ouvem e só eu os escuto. Eu deveria estar naquela feijoada do domingo passado. Porque eles não me convidaram? Será que sou tão desagradável e as pessoas não me aturam por muito tempo? Deve ser, outra justificativa não se tem. Esquecimento? Pouco provável. Não me acho um ser esquecível assim, a ponto de não ser convidado pro aniversário de Jairo no domingo. Pão-duro eu não sou, sempre contribuo financeiramente e se caso estiver duro, invento uma história comum e não me faço presente. O capucho/Centro hoje está demorando muito, deve ser àquela greve de operários no Monte de São Bernardo que bloqueou a avenida. E se tudo isso for uma aprovação por eu já ter feito o mesmo com alguém? Hum... Não me recordo se já exclui alguém da minha convivência. Excluir não, essa palavra pesa, quem sabe, me fiz esquecer propositalmente, essa ficou sonoramente audível. Quem sabe, não é o retorno. Esse cheiro me incomoda demais, num calor infernal alguém me ascende um cigarro, deve está pedindo um câncer de pulmão. Lá vem a condução, deve está lotado. Como devo me comportar diante de todos quando os ver? Senhora sente-se aqui. Qual será meu jantar de hoje? Certamente minha avó já estará sentada na cadeira posicionada da porta a costurar. Será que alguém me ligou? Minha avó deve me dar o recado.

Por: Alisson Meneses de Sá

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