terça-feira, 16 de outubro de 2007

O CONTO DA MERETRIZ QUE VIVIA NA JANELA DO ALENTEJO

Era uma rua povoada de seres hediondos e mentes doentias, era uma rua dos miseráveis dos que sofrem do mal do amor. Do lado esquerdo, numa casa em cima da outra mora ela, e ali estava ela, contando seus 18 aninhos de pura entrega aos desejos sexuais que a carne teima em ostentar. Ela se entregava àquela janela como se entregasse a um homem para o gozo da sedução, ouvindo uma música repetidas vezes, não cansava, acreditava que aquela música francesa que nada conseguia entender a transformava, lhe deixava mais ousada, com uma personalidade mais e mais acentuada. Na mão segurava um copo vagabundo de cerveja e tudo aquilo tinha um propósito real, desejava que fosse vista, só bastava isso, ser de fato percebida.
Do outro lado da rua, estava ele, pouco se sabia sobre aquele homem, seu tempo já era passado, percebia que sua idade já se passava dos cinqüenta, mas bem conservado, com um corpo ainda atlético, um Fagundes melhorado, via-se que ainda tinha hábitos esportivos e de vida bastante naturalista, mas pra infelicidade daquela moça que o via do outro lado da rua ele era um homem casado.
Da janela daquela meretriz percebia todo movimento da casa que aquele homem cinqüentão morava. Aquele homem que demonstrava ser de bastante educação naquela rua, pouco ou quase nada havia entrado em contato com ela, mas aquela quenga sempre o desejou, desde o dia que chegou aquela rua e o viu, o desejou carnalmente e seus olhares sempre foram de provocação, e quando passava por sua frente sempre rebolava mais que o comum.
Naquela noite ela tinha o visto almoçando e da janela dela ouvindo aquela música e bebendo aquela cerveja, ela se exibia para o outro lado da rua, ela observou e ria num tom elevado e comentava com as amigas de quarto que aquele homem um dia ia ser dela. Após o jantar aquele homem trouxe sua esposa, que demonstrava fielmente sua idade descuidada e já avançada, para a sala e a deixando em evidência como se quisessem responder as provocações daquela meretriz que ele tinha uma mulher. Mas aquela moça de vida fácil pensava com despeito olhando para aquela mulher idosa a prosear com seu marido, em que buteco de beira de estrada de BR aquele homem tinha tirado aquela mulher. Essa pergunta a atormentava, pois não se conformava em não ter a chance de demonstrar para aquele homem que numa noite, somente, ela era capaz de transformar a cabeça daquele macho.
Mas ela não desistia e dizia que aquele homem ainda ia ser dela nem que fosse por pelo menos uma única noite.

Por: Alisson Meneses de Sá

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