quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

UMA CERTA GIOCONDA

Seus traços são um tanto quanto expansivos, possuidora de uma protuberante barriga, que extrapola os limites da saliência. Cria na sua face às características de mulher rechonchuda. A sua obesidade é permanente desde sua juventude, o que a deixava frustrada, sempre como alvo de críticas quanto ao seu desleixo físico. Era assim a nobre Gioconda, sempre mimada por sua mãe que a protegia de toda má situação que se colocava. Fosse financeira ou amorosa, até no corre-corre de estudante que Gioconda sempre fora.
Foi numa mesa de praça de alimentação dum shopping que Gioconda ficou frente a frente com sua inimiga, antes desconhecida e agora mortal. Entre duas garrafas de água mineral a vida de Dagoberto era destrinchada. Um verdadeiro campo minado se tornou aquela mesa, o barulho das pessoas em movimento fora silenciado, nada mais a sua volta era tão importante quanto aquela conversa. A outra possuía as mesmas características físicas de Gioconda, o único diferencial é sua idade mais avançada. Aparentemente Dagoberto, que é um moreno alto, atlético de classe média, estava mantendo relacionamento firme com as duas. Sabe-se lá o que justifica esse interesse peculiar de Dagoberto para com as duas fofinhas, por assim dizer. Gioconda estava se envolvendo com Dagoberto recentemente, os dois tinham se conhecido através desses sites de relacionamento, já a outra, estava há mais tempo, onde ela afirma que sempre viveram as turras, ela ciumenta, possessiva e ele um garotão despreocupado. Naquela mesa onde as duas resolveram colocar os pontos nos is, toda palavra tinha que ser meticulosamente estudada antes de ser dita, as duas estavam aparentemente jogando o jogo do amor enganado. Gioconda, por ser mais nova e super apaixonada por Dagoberto, sentia-se desesperada com tudo que a outra pronunciava a respeito dele, estava Gioconda pronta a terminar seu relacionamento, e o que mais lhe amargurava era ficar distante daquele homem que tantas vezes lhe realizava na cama, ela nunca tivera um homem que lhe desse tanto prazer no sexo como o cretino do Dagoberto.
A outra desmascarou de forma seca toda a história que a envolvia com Dagoberto, o negrinho pobre como ela chamava em momentos de fúria. Estava ele tentando se reconciliar com ela, mas estava profundamente magoada, pois na noite do aniversário dele ela fora preterida, onde teve a certeza da boca de Gioconda que ele ficou com ela. Mas aquilo não era nada, apesar de tudo, ele passou o natal e o réveillon com ela, numa ceia comemorativa, junto com os amigos dele. Aos poucos Gioconda desvendava a vida de Dagoberto, até sobre a relação sexual entre a outra e ele, o que a deixou mais ainda perplexa.
Dagoberto devia uma certa quantia à outra e por conta da vida dupla que o mesmo estava tendo e que a outra já vinha percebendo, resolveu assim cobrar a dívida, o que não faria caso não tivesse motivos. As cobranças foram reforçadas mais quando Dagoberto reforçou seu envolvimento com Gioconda, dando-lhe maior atenção. Sentindo-se rejeitada e enganada a outra resolveu chantagear Dagoberto com fotos comprometedoras entre os dois. As ameaças estavam amedontrando de certa forma o cafajeste do Dagoberto que via na própria Gioconda a possibilidade de ter sua dívida sanada e assim se livrar de uma vez da relação com a outra.
Foi a partir desse medo constrangedor que Gioconda resolveu ter com a outra e colocar tudo em pratos limpos. Diante, uma da outra, selaram um compromisso, iam se unir em prol da tragédia que se tornaria a vida de Dagoberto sem o luxo que a outra poderia proporcionar e do sexo fabuloso que Gioconda tem a lhe oferecer. Tava certa Gioconda que nada daquele acordo iria cumprir, é claro, estava ela chocada com tudo aquilo, mas o que mais lhe importava era ter a certeza de que Dagoberto não mais se encontraria com a outra o deixando livre para usufruir o máximo do que ele sempre a proporcionou. Sexo, óbvio.

Por: Alisson Meneses de Sá

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