quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

TÁ NA PELE

As marcas grafadas no corpo, conhecidas especificamente como tatuagem, teve e tem adesão em todas as classes sociais, raças, continentes, enfim, a tatuagem conota uma forma de expressão artística tanto para os índios, quanto para os negros escravizados como nos brancos de várias épocas. Foi durante a chegada dos europeus na América que se percebeu corpos desnudos e decorados com cicatrizes azuladas, o que na verdade significava a sua origem tribal ou que marcava momentos de passagem como a puberdade ou mudanças de status (de menino para guerreiro ou a de inimigo para escravo). As cicatrizes tinham que ser feitas por um material cortante como espinhos, dentes de animais e até diamantes. O pigmento azulado percebidos pelo europeu Henri Estienne, vinha do jenipapo. Os desenhos jamais se comparam com os sofisticados utilizados na atualidade, eram desenhos geométricos e rudes. Quanto às tatuagens dos negros escravos eram chamados de escarificação, eram indicações da origem familiar, do Reino, do Pesídio e do lugar onde nasceram. A palavra tatuagem surge na Polinésia, onde os nativos usavam espinhas de peixe ou ossos de passarinho, ambos finíssimos para injetar na pele pigmentos a base de carvão ou ferrugem tornando, assim, inapagável. Na sua língua chama esse processo de tatau. Já no Taiti a onomatopéia do som levou pra uma versão inglesa o termo tattoo. Marinheiros, operários, prostitutas e criminosos são adeptos da moda da tatuagem no século XIX. No Brasil não foi diferente, após a abertura dos portos começa a disseminar a tal arte de grafar na pele humana. A conotação criminal, ou por melhor dizer, de baixo nível, é originária exclusivamente de países católicos e ocidentais, já nos países protestantes como Alemanha, Holanda e Inglaterra os reis, imperadores e aristocratas adornavam e seus corpos, significando o conquistador branco. Até o final do século XX a tatuagem era marginalizada e produzida pessoalmente por tatuadores amadores (alguns eram marinheiros de passagem). No Brasil Knud Harld Likke Gregersen fez história no ramo de tatuar, deixou a marinha para viver do ofício de tatuar, onde aprendeu com seu pai. Chegou ao Brasil em 1959, em 60 foi tema de matéria na folha de São Paulo, mas foi nos anos 70 que Tattoo Lucky, como ficou conhecido nacionalmente, fez sucesso na arte de tatuar, por conta exatamente da febre nos Estados Unidos das peles tatuadas de artistas pop, como foi o caso de Janis Joplin. Aderiram primeiramente a moda, os surfistas e os antenados na moda, nesse contexto os hippies. A segregação da tatuagem no Brasil ganha a classe média urbana através dos surfistas, no mais, para celebrar essa mania contagiante Caetano Veloso, músico da MPB cria rimas, enaltecendo numa canção, surfistas e suas tatuagens. Tratava-se do movimento contra-cultural que tomava os meios de comunicação, levando estilo pra todo país, assim crescendo o mercado em várias regiões, principalmente no Rio, São Paulo e em Salvador. O resultado dessa exacerbação artística está aí, ta na pele do povo brasileiro.

Por: Alisson Meneses de Sá
Referência Bibliográfica
MARQUES, Tony. Questão de pele. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. Ano 4. Nº 40. Janeiro de 2009.

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