quarta-feira, 21 de março de 2007

POEMA - MÁRIO JORGE

CONFISSÃO
eu não quero ser poeta das coisas bonitas
eu não quero ser poeta de sublimes criações
eu não quero ser poeta das formas infinitas
não quero ser escravo de sublimes imaginações
não quero cantar a luz formosa
nem quero ver a pétala da rosa
a pele da mulher que nunca existiu
eu nãoq uero ver o céu de lindo anil
os olhos de alguém que nunca me olhou
eu nãoq uero ver na natureza em chuva
as lágrimas daquela que nunca chorou
eu não quero ser poeta de criar mitos doces como uva
e depois crê naquilo que criou
eu quero viver o que há
e sentir o que existe
eu quero a vida amar
e fazer alegre o antes triste
eu quero sentir a vida
perceber o sofrer
enfrentar a lida
e amara com você
tudo o que quero é o que a grande humanidade
de dentro de mim deseja:
viver

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