segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

3ª CARTA DE MARTIN


Iracema, minha querida amada!!!!!!!!Eu também, quando te leio, me sinto mais humano, mais vivo e renovando a minha crença na humanidade. Mas eu não quero que me tenhas como um ser ideal ou perfeito, pois sou de carne e osso - humano e tenho as minhas fragilidades, medos, falhas, conflitos, incoerências, idiossincrasias como qualquer outra pessoa. Apenas aprendi a ir fundo no que acredito e lutar pelo sentimento de amor e pelas coisas sublimes, porém tenho me pego em reflexão se eu deveria continuar sendo desta forma. Fazendo um paralelo com os movimentos literários, percebo que nos últimos anos sai direto do Romantismo e agora estou vivendo uma fase de Realismo, quem sabe, sei lá, talvez entrando no momento da síntese dialética, percebendo a importância de não ser um extremo nem outro, vivendo o momento do amadurecimento.Sempre procurei me colocar muito no lugar dos outros e não me sinto bem quando faço qualquer coisa que faz as outras pessoas se sentirem mal. Porém, neste movimento, parecia que eu me colocava pouco no meu lugar. Demorei muito para perceber isto e começar a mudar. Contudo, nos últimos tempos, tenho exercitado mais também esperar e até exigir, no mínimo, que também se coloquem no meu lugar. Aprendi que é dando que se recebe. Sei que o sublime seria dar sem esperar algo em troca. Porém , como não somos perfeitos, Cristo e muito menos Deus, hoje acredito que, como humanos, precisamos ter o mínimo de reciprocidade. Portanto, em um relacionamento hoje busco também pelo menos um pouco de doação pelo outro, do mesmo jeito que me dôo. Enfim, minha querida, eu sou apenas um ser humano limitado tentando entender o que sou e buscando aprender com os meus erros e acertos. Eu também sinto ciúmes (apenas um pouquinho - apesar de tentar demonstrar pouco ou fazer de conta que não tenho); fico emburrado; tenho os momentos de altos e baixos (já viu algum canceriano que não muda de estado de ânimo com as fases da lua?); já passei por um período de depressão - que me fez aprender muito sobre as minhas possibilidades e limites; tenho necessidade de momentos de introspecção e ficar quieto ou só para entender os meus sentimentos; tenho uma sensibilidade a flor da pele e, as vezes, fico magoado facilmente - porém como sou muito sincero, falo o que sinto no momento exato e não guardo ressentimentos. Às vezes me sinto perdido na realidade dura, insensível, hostil. Vou por ai, achando que estou me achando - mas me perdendo; perdendo-me e assim me encontrando... sou este ser errante. Busco a sabedoria e humildade - e cada vez que avanço parece que fico mais distante... Porém vou seguindo o caminho, sendo guiado por uma bússola que tem como norte alguns princípios dos quais não abro mão: o respeito para com pessoas (apesar de hoje muito me resguardar pelo medo de me machucar) e o meio que vivemos, a amizade, a sinceridade, o carinho, a delicadeza e a gentileza. Se o que quero na vida (e da vida) eu não sei muito bem (são tantas coisas – mas vou querendo de pouco a pouco – sem muita exigência ou ganância), certamente eu sei o que não quero...De vez em quando mando mensagens para a Nave Mãe ("ET phone home"), pedindo para retornar para Marte, cansado da experiência aqui no planeta Terra, país Brasil. Porém parece que os patrícios verdinhos me julgam muito terráqueo e não me querem por lá. Aqui nesta terra de ninguém - neste “Brasilsão” lindo e ao mesmo tempo tão horripilante, onde "Deus e Diabo" se encontram na "Terra do Sol" muitas vezes me sinto um Extra Terrestre.Querida Iracema, por que estou escrevendo isto? Sei lá. Talvez para me entender e te dar um pouquinho de pistas de quem sou e como funciono. Mas me deu vontade de delongar mais, poder conversar contigo por intermédio destas linhas, fazer uma catarse, compartilhar da minha alma, fazer um exorcismo...

Mas chega de reflexões existencialistas por hoje.

Estou te enviando a foto que tiramos juntos.Também te envio uma foto do sol nascendo aquele dia que gostaria de ter visto na sua companhia, em Sergipe.

Gostei do seu programa de Réveillon, com os amigos, numa coisa mais intimista. Vamos conversando e eu vou amadurecendo a idéia. Estou um pouco apertado financeiramente, mas tudo se resolve. Mas se não for possível no Réveillon (mas vou estudar as possibilidades), quem sabe podemos em outro momento...nas férias (o problema de alta temporada é que é tudo mais difícil). Vamos que vamos.

Sei o quanto a distância que nos separa é complicada, mas acho que podemos fortalecer o sentimento belo, profundo e humano que nos une e deixar as coisas caminharem. Deixar a amizade fluir, o amor fraterno e, quem sabe, nos permitir chegar a algo mais... Vamos vivendo.

Beijos e abraços com muito carinho e afeto,

Martin

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