quinta-feira, 5 de junho de 2008

QUINTA DA CRÍTICA: VII FÓRUM DE FORRÓ DE ARACAJU

O Teatro Tobias Barreto estava lotado, era abertura do VII Fórum de Forró que a prefeitura sabiamente realiza todos os anos no mês dos festejos juninos, tendo sempre um homenageado com histórico no autêntico forró. O VII Fórum acontecido este ano teve como homenageado o mito do forró brasileiro, a mais pura herança do forró original, uma vez instituída pelo rei do baião Luiz Gonzaga, falo de Dominguinhos que ainda traz no seu repertório o forró pé-de-serra, o forró com valorização da sanfona.
A noite foi belíssima, em questão de segundos o teatro estava completamente lotado, as pessoas se acomodavam nas poltronas e aguardavam ansiosos para que Dominguinhos iniciasse o show, razão da lotação do teatro. Mas antecipando o show fomos agraciados por um debate de cantores e compositores nordestinos que tem ligação com o cantor homenageado, com destaque para a pernambucana Anastácia. Por alguns minutos os microfones ficaram abertos ao público, óbvio que a grande maioria desejava que ninguém se aproximasse do final dos corredores, onde estavam os microfones, para que começasse logo o show, mas isso seria impossível, existiam pessoas ávidas, umas para se aparecerem outras para questionar e nesse meio tempo me aparece a cantora Josiane de Josa, filha de Josa, o vaqueiro do sertão, fazendo uma pergunta descabida, mas não deixou a única oportunidade se esvair e convidou o próprio Dominguinhos para gravar um CD com ela e logo assim feito, afinadíssima, cantou uma música, fazendo menção a Luiz Gonzaga, a platéia foi ao delírio, ovacionando a cantora.
Show começado, Dominguinhos apresentou músicas recentes do seu CD, ainda não estava na boca do povo, percebia-se somente o balançar do corpo das pessoas, expressando ali satisfação em ouvir o fole tocar, minutos depois os sergipanos perplexados ficaram com o produto do próprio estado que até então era desconhecido de uma grande maioria, cantando no palco junto com o homenageado, ali estava à orquestra sanfônica de Sergipe, um show a parte. Em seguida Dominguinhos queria a participação de alguns cantores que estavam ali para prestigiá-lo, foi quando ele chamou Clemilda, cantora, compositora e apresentadora sergipana, até então o show era de Dominguinhos, mas após a cantora Clemilda subir ao palco o foco foi mudado, o show foi de Clemilda, até aquele instante as pessoas estavam sentadas, Clemilda fez com que as pessoas se levantassem das suas poltronas para dançar, foi um acontecimento.
É notório que Sergipe tem um processo cultural a ser mais valorizado, mais enaltecido pelos próprios sergipanos que necessita que, status de outros cantores o notabilize para assim aderirmos ao visível e audível. Ponto positivo para o setor público que oferece a população tamanha apresentação. Ponto também positivo para a seleção do homenageado, mas ressalto a importância de nos anos seguintes apresentar ao público personalidades da terra como a própria Clemilda ou o Josa, ”vaqueiro do sertão”, que pela idade pouco faz em prol da música sertaneja na atualidade, mas que no passado escreveu sua história.

Por: Alisson Meneses de Sá

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