terça-feira, 15 de abril de 2008

TERÇA RETRÔ EM: ARTE E TORTURA

É salutar a premissa de que arte se acentua mais quando temos motivos plausíveis para interrogar e contestar diante de uma razão social eminente, que extrapola a nossa linha de pensamento restrito ao nosso mundinho de conto de fadas, e passa a ferir nossos sentimentos e os sentimentos daqueles que se indignam com o processo democrático que rege a nação. Foi assim que se procedeu no período da tutele militar no Brasil que tendo projeção internacional no tocante a arte de protesto, a arte reivindicatória, a arte que vai além dos limites territoriais. Vários artistas conseguiram expressar de forma contínua as suas forças de pensamento contra o poder policial e político que estava embutido no exercito brasileiro, com claros objetivos de organizar o país que estava em vias de um socialismo preocupante, o que ia de encontro com a ordem nacional, assim restaurada pelos ditatoriais da força armada. Dia 13 de abril completamos 32 anos das denúncias dos irmãos Duarte contra as torturas desumanas sofridas pelos mesmos. Ronaldo e Rogério Duarte, cineasta e artista plástico, respectivamente, após desistirem de assistir a missa de 7º dia da morte do jovem Edson Luis na Candelária, foram pegos por policiais não identificados, onde estes os levaram pra um local deserto e assim começaram a realizar as primeiras torturas, em seguida foram levados pro quartel onde se efetivaram outros tipos de torturas, este de conteúdo psicológico, a polícia por sua vez nega as ações, mas os hematomas impregnados no corpo dos irmãos comprovam as agressões físicas. A sorte que teve os dois irmãos, se é que podemos chamar isso de sorte, foi de ter sobrevivo, pois muitos foram desaparecidos, como aconteceu com o filho da estilista Zuzu Angel, estilista de renome, nome e sobrenome internacional, que figurou lá fora seu rancor pelas formas antidemocrática que se desenhava no seu país, apresentando em um desfile em Nova Iorque com pássaros engaiolados, balas de canhão disparadas contra anjos, figuras de quepes militares e crianças macilentas segurando pombas negras, onde a figura do anjo simbolizava a pessoa de seu filho perdido, Stuart Edgar Angel Jones. Zuzu, segundo relatos era uma mulher muito tímida, recatada, de padrões comportamentais singelos e que após o episódio do desaparecimento de seu filho incorporou uma mulher jamais vista o que se resume na frase dita por ela antes de morrer num acidente de carro: "Libertei-me da inquietação de não saber quem sou e de não saber até onde posso chegar. Agora, conheço melhor as pessoas e reconheço também a minha força". Zuleika Angel Jones.

Por: Alisson Meneses de Sá

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