segunda-feira, 8 de junho de 2009

A EXISTÊNCIA


Eu conheci a solidão. Ela tem nome, endereço, existe em estado físico, pensa, ver, olha, tem sentimentos, se desloca, veste-se regularmente conforme manda a civilização contemporânea. A solidão se personifica num homem no seu sentido mais diversificado. A solidão tem família, mas prefere desobstruir suas funções, talvez por expor sentimentos e obrigações repressoras de uma época não mais existente. É fato, a solidão toma as mesmas proporções humanas e anda lado a lado comigo, sente, pois quando, as mesmas sensações que sinto no meu respirar. É digno de pena por não mais conseguir definir seu estado de sanidade mental límpida, uma onda de impurezas toma-lhe as rédeas de suas ações, este sempre as voltas com o rancor, com a inveja, com ódio a ser demonstrado gratuitamente como se já fizesse parte de sua história desde quando o engatinhar era sua idade. A solidão vive as turras com o mundo, sem causa aparente. Transfere o amor pelo próximo nas intrigas por todos. Consome-se nas suas razões mais arcaicas e menos cosmopolita possível. A rua, para a solidão, é seu lar, seu convívio mais acolhedor. Se mostrar para o novo de forma nova, é sempre um elo de ligação que supri as suas necessidades mais aparentes que é o não estar só. Mas a evidência da solidão será sempre aparente, mesmo para as pessoas mais céticas, torna-se evidente o descontentamento da solidão para com o todo, pois a parte desse todo jamais completará a outra parte desse todo. Ao fim da solidão pouco se espera. Um cachão com meia dúzia de choro envolto a lamentar o não acalentamento nas horas propícias.

Conto escrito por um anônimo que se deparou na sua convivência interiorana com a solidão.

Por: Alisson Meneses de Sá

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