Maria me trouxe os jornais para o quarto onde estava, olhando fixamente os movimentos dela, ouriçada, arrumando as roupas na mala, parecia não dar a mínima importância para os meus excessivos olhares, acredito que sua mente naqueles instantes só os conduzia ao bem estar do seu gato que encontrava-se em péssimo estado de saúde, tossia muito como se estivesse engasgado. Cansado de não receber sequer uma retribuição do meu estado perplexo para aquele ser tão fascinante que movimentava não só aquele quarto como minha vida, voltei-me para a leitura dos jornais, comecei a ler cobrindo todo o meu rosto, vez por outra espiava seus movimentos sem que ela percebesse. Pensei por alguns instantes, já tomado pelo meu ciúmes comparativo, se o doente ao invés do gato fosse eu seria possível que ela voltasse assim tão fabulosamente para os meus cuidados? Deixaria ela o bichano naquela casa e viajaria para a capital comigo?
Timótio aparecera logo cedo, como sempre gracioso querendo saber se desejávamos algum produto fino da capital. Ela que lembrara do estado do seu animal disse-nos subitamente que pegaria carona com Timótio pra tratar do mal do gato e se hospedaria na casa de sua tia sexagenária. Prestativo, Timótio marcara para logo após o almoço a sua passagem por aquela casa para assim pegá-la. Logo, ela correu para o quarto pra arrumar suas roupas, pois o tempo que almejava ficar na capital era improvável.
Desci as escadas correndo e fui ter com Maria que apressava o almoço, pois já era tarde e costumávamos almoçar sempre tarde aos domingos e feriados. Saí da cozinha e voltei ao quarto, a observei pegar dois pares de meia rosas e três lenços que costuma cobrir os cabelos quando vai deitar-se, disse que não sabia se na capital estava ventando. Ela perguntou se o almoço já estava pronto, pois logo mais Timótio apareceria, respondi que Maria estava acostumada a demorar o almoço aos domingos e que logo ela nos chamaria para descer. Queria na verdade era derrubar ela naquela cama e fazer amor, ali, naquela completa bagunça de roupas. O tempo foi passando e nada de Timótio aparecer, ouvimos Maria nos chamar, descemos e ela mais apressada que tudo passou a minha frente, na sala fez carícias no gato e logo sentou a mesa, depositei suas malas próximo a porta de saída e me dirigi a sala de jantar onde ela já estava a comer. A buzina do carro de Timótio chamava-nos , Maria logo veio e nos avisou que Timótio estava no carro a esperar por sua senhora, olhei pra Maria e abri um sorriso sínico completado por uma piscada de olho. Segurei-a na mão que quase deixa o almoço e disse que Timótio esperava, sabendo da impaciência que sempre tivera Timótio. Alguns instantes depois, abre-se a porta e como já era de casa entra todo esbaforido Timótio, aos berros, casa adentro, reclamando que não gostava de dirigir tarde, ela se levantou da cadeira correu em direção a sala pegou o seu animal, pediu a Maria que a conduzisse com suas malas até o carro, voltou a sala de jantar onde eu ainda me encontrava a oferecer uma taça de vinho a Timótio, tascou-me dois beijos nos dois lados da face e um timidamente nos lábios e correu em direção ao carro de Timótio.
Sentei-me na varanda vendo o carro de Timótio se distanciar, Maria veio logo saber se desejava algo, com uma voz melancólica, insistindo num licor de maracujá, disse que era bom para arejar a mente e acalmar o coração. Como se ela entendesse algo de coração. Tranqüilamente disse que não desejava de seus serviços por aquele dia, fosse descansar, pois comeria algo no café da esquina. Já era escuro, a fome não veio a tona, levantei-me da cadeira de balanço fechei todas as janelas e portas e fui para o quarto, tomei um banho rápido me despi completamente sobre a cama e lá adormeci.
Por: Alisson Meneses de Sá
Um comentário:
esse texto podia ser um pouco mais direto sem muitos arrodeios e introspectividades. Parece um texto de quem tem muito a dizer e por algum motivo nao pode faze-lo!
mas parabens
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