quinta-feira, 12 de junho de 2014

TEMPOS PERDIDOS


É um caminho deveras longo. Em nada me planejo, cuido somente para ir. Um espaço de tempo que penso ser perdido, daí sempre trago na bolsa algumas leituras, seja ela de péssima qualidade ou as Lispectorianas, essas últimas muito agradam meu coração. Vezes ou outra, sem planejar, pois prefiro que meu humor defina o decorrer desse tempo perdido entre minha residência e o meu labor, me pego fazendo leituras, noutro, olhando vagamente para o espaço, noutro, apreciando a paisagem suja que o percurso me demonstra. Hoje o meu humor resolveu que a paisagem era o meu definidor, fiquei a olhar de dentro do coletivo a paisagem e assim me deparo com uma situação um tanto inusitado. Eram cinco mulheres e um homem, o homem por sua vez se afastou um pouco do grupo feminino que aguardava a condução e recolheu alguns resto de caixas de papel abandonados na calçada e correu de volta para o grupo, foi quando percebi que uma delas sentada numa mureta, que fazia o ponto de espera, passava a mão ligeitamente pelo peito, levantando a cabeça como se puxasse o ar em desespero. As demais mulheres ali presente pareciam alvoroçadas, conversando ou tentando confortar a mulher debilitada, duas dela ao celular gesticulavam com as mãos como quem implorasse por ajuda de alguma ambulância pública. O homem logo estirou o resto de caixa no muro e colocou a mulher deitada. Defronte de onde elas estavam existia uma poça, feita pela má condição da via mais a chuva da madrugda fez com que uma daquelas mulheres se dispersasse, pois um carro que pouco se importava com o que ocorria naquele aglomerado de pessoas passou pela poça e espanou lama nas mulheres. Indignada a que se retirou começou xingamentos, atirando desgovernadamente impropérios àquele cidadão desatento. Observando tal cena penso no tempo perdido que por vezes perco me debruçando em leituras nada interessante durante meu trajeto diário. Quase esquecia da trilha sonora que compõe toda essa cena ou as cenas vislumbradas nas leituras em que me debruço que também dependem do humor daquele dia, versadas entre óperas, concertos de violinos, sons eletrizantes, reggaes, batidoes, MPB românticos, bregas ululantes e tudo parece se encaixar perfeitamente aos casos mais perfeitos que o entrelaçar das pernas nos exercícios de Yoga às segundas e quartas-feiras.

 Por: Alisson Meneses 11/06/2014

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