terça-feira, 6 de julho de 2010

BANCO DA PRAÇA


Sentada estava ela naquele banco de praça. A sua aparência para quem a via de uma certa distância era de que ela fosse um objeto imóvel, guisá uma estátua devido a sua imobilidade constante. Estava ela submersa em sentimentos vagos e por hora intimista, visitando a cada segundo o seu coração que preferencialmente desejava não pulsar. As folhas secas caiam da árvore ao lado do banco e nem sequer seus olhos observavam a tão bonita concepção da natureza, preferia ficar ali, no seu mundo vago e visivelmente angustiante. As folhas caiam com constância e caiam também sobre sua cabeça ainda imóvel, de repente seus olhos enchiam de lágrimas parecendo uma piscina a sangrar, mas seu tronco permanecia naquela mesma posição intacta, praticamente, se não fossem as folhas secas da árvore que a sombreava. O tempo passava lentamente, os transeuntes que por lá passavam não eram mais os despreocupados, caminhavam naquela hora os apressados, pois o sol estava a se pôr, a hora de laborar chegava ao fim, as fábricas paravam de emitir suas fumaças poluentes, o coração da cidade parecia descansar e a praça era a passagem frequente daqueles trabalhadores que nada perceberam de diferente. A praça tinha um ar desolador , tristonho e introspectivo, todos estavam ávidos a chegar ao seu destino final. E lá ela se manteve, fabulosamente parada como se fosse uma fenomenal obra de Michellangelo nos áureos tempos renascentistas. Aquela tristeza era algo tão particular e seu olhar fixo a um ponto no espaço qualquer era tão permanente que a noite caiu e junto, mais algumas lágrimas também desceram por sua face morena clara.
Era verão, dos mais severos que passara por aquela cidade, não chovia fazia algum tempo. O clima era insuportavelmente seco. No dia seguinte as pessoas cruzavam a praça apressadas para logo iniciar suas funções em seu respectivos trabalhos. Passavam e observavam atentamente para o chão daquele banco onde uma árvore fazia sombra, algo de tão magnífico acontecia ali, pois os olhares eram bruscos mas deixava uma grande satisfação pois a face dos que observavam crescia de contentamento. Eram dois pardais a se divertirem numa gigantesca poça d'água. Faziam graça como se dançassem balé sobre aquela poça, corriam pra um lado e pra outro, um batia as assas para respingar água no outro, numa verdadeira cena de acasalamento, talvez fosse ali o cenário perfeito de amor entre a irracionalidade espontâneos dos bichos. No banco da praça não tinha mais ninguém sentado, folhas secas ocupavam o lugar.

POr: Alisson Meneses de Sá

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