segunda-feira, 12 de julho de 2010

CONSTRUÇÃO DE AMIZADE



Sabe aquele trecho do poema Enjoadinho de Vinícius de Moraes que diz: “Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não temos como sabe-lo? Se não os temos”. A essas sábias e ditas palavras eu remodelaria para a seguinte: Amigos... Amigos? Melhor não tê-los! Mas se não temos como sabe-lo? Se não os temos”. Toda minha vida foi planada em volta de fortes e grandes amizades. Não amizades voláteis e passageiras, mas as que persistem por anos e anos a fio, resistindo as maresias da vida cotidiana. Uma amizade foi recentemente desfeita, algo que chamais poderia esperar, pois percebia ali, presente nos momentos de junção, uma energia grande, daquelas que só o tempo pode justificar, uma amizade que ia além do bem e do mal. A deterioração surgiu como esses encontros da vida. Uma amizade leva a outra amizade. Assim se congrega as ações humanitárias, quando não ocorre pelo mero acaso. E como esta amizade apresentada, houveram outras tantas, mas esta única em especial tem seu valor ponderável nessa relação mais antiga, pois já se faziam mais de 5 anos que éramos bons conversadores, costumávamos nos reunir constantemente em volta de comidas variadas e assim expondo nossos várias visões. Assim foi no passado. Alguns acontecimentos vieram a tona em um curto período de sua vida e nesse curto período estivemos um tanto separados por motivos, vamos dizer assim, “óbvios”. Tentando superar essa mazela acontecida, nos reaproximamos com uma intensidade maior. Nos ouvimos pelas angústias e pelas alegrias passadas e presentes, nos despíamos das mais puras intenções, pelo menos da minha parte, pois haja vista, algumas interrogações lançadas por mim durante essa nova fase. Seria tudo isso meramente superficial, valendo-se do contexto VINGANÇA para com o que ocorreu no seu passado próximo? Bom, as esses questionamentos tão logo não obteria êxito, pois preferia não acreditar numa resposta positiva, pois se tudo ia bem, porque um ser seria tão maquiavélico em planejar esse pensamento? Daí surge essa amizade que se torna em comum, pra essa outra era válido e percebi que é muito mais válido. Nossos anjos não se cruzaram, algo que não se explica, pois por conveniência e ainda acreditando numa amizade com a outra pessoa, já que nos equivalemos por gostos em comum, imaginei que poderíamos ter algo que nos aproximássemos. Ledo engano, nada em nós combinava, talvez fôssemos o côncavo e o convexo. Imprudências foram percebidas, jamais compactuarei com pensamentos preconceituosos, como se sua condição de ser fosse uma doença contagiosa. Coloquei, depois de muito pensar, refletir e chorar todas as cartas sobre a mesa, não impus nenhuma condição, pois valendo-se do tempo de conhecimento preferi eu mesmo me desfazer desse laço que parecia ser eterno. Eu penso que as pessoas convivem umas com as outras pelas afinidades, pelos gostos, pelos interesses em comum, se eu não compactuo com nada que aquela pessoa gosta e pensa porque eu teria que insisti? Agradar a quem? Que tipo de interesse teria por trás disso tudo? Prefiro ficar aqui, quieto, solitário, no meu vazio, com meus escritos, com meus conhecimentos. Assim o faço.

Por: Alisson Meneses de Sá

sábado, 10 de julho de 2010

REMINISCÊNCIAS


Assim que acordei e tomei meu dejejum sentei na mesa onde estavam localizados todos os meus livros para estudos em atrasos, quando de forma inesperada, sentado naquela cadeira desconfortável e com inclinação para fora, deixando minhas costas praticamente sem apoio, me recordei que hoje eu teria notícias de um grande amigo sobre sua relação conjugal. Seqüencialmente a esse pensamento fortuito fiquei a odiar os relacionamentos à três, mais conhecido como menàge à troir, onde crucialmente causou a desgraça do relacionamento desse meu amigo em voga com o seu par. Imaginei o amadorismo dessas relações hedonistas e a raiva que logo me tomou me fez pensar nas práticas ao menàge que já tinha praticado, questionei o porquê delas darem certo e jamais gerar conflitos.
Eram minhas férias de verão quando aceitei o convite de descansar e conhecer as belezas do Rio Grande do Norte, e foi lá que também me envolvi numa relação, saudavelmente à três. O casal em questão eram amigos, muitíssimos amigos do nosso cicerone naquele estado e quem nos cedeu gentilmente sua residência para nossa hospedagem. Logo que os conheci, o casal, olhares fixos foram direcionados e eu sempre a fugir, pois já sabia que ali se congregava uma relação duradoura e sólida. Partimos em dois carros para uma festa no interior do estado, a festa prometia quando meu companheiro de viagem tentando se safar de uma saia justa com o casal em questão supôs a minha participação numa noite dessas, junto com o casal. A aceitação da negociação foi imediata, logo ficara sabendo que o casal era adepto a esse tipo de envolvimento. Estudavam muito o convidado, nesse caso, o convidado era eu e já tinham me analisado alguns dias atrás. Os trâmites legais foram assim negociados para aquela mesma noite, porém eu não voltaria para casa onde estava hospedado e passaria a noite divertindo o casal. No caminho de volta dormi no banco traseiro e quando me despertei estávamos no estacionamento do apartamento do nosso cicerone.
Alguns dias passaram, meu amigo de viagem logo se cansou dos passeios devido a sua protuberância de gordura localizada e estacionada, vale ressaltar. Mas eu estava ávido por novos acontecimentos e assim nosso cicerone me convidou para dar um tour. Propositalmente nos encontramos com o casal num barzinho, os jogos de olhares foram lançados, de repente o convite ecoou nos meus ouvidos e eu não tive como recusar, logo mais nos retiramos pra sua residência acompanhados de alguns amigos. Por instantes achei que rolaria ali um verdadeiro bacanal, rolaria e acredito que faltou pouco, muito pouco. Ficamos só nós três , meios ou completamente cheios; rápido e bruscamente fui atirado na cama, minhas roupas foram violentamente arrancadas, um tapa estralou na minha face e aquilo tudo me deixava cada vez mais excitado. Provavelmente se não estivesse sob o efeito do álcool acharia aquilo tudo muito estranho e talvez me sentisse violentado. E sob o efeito do álcool não consigo me recordar das minúcias que poderiam satisfatoriamente finalizar o texto. Acordamos as 13:00h do dia seguinte exaustos, como se estivéssemos participando de uma guerra. O que na verdade não deixou de ser.

Por: Alisson Meneses de Sá

quarta-feira, 7 de julho de 2010

CUIDE-SE


Queria poder consolá-lo na sua mais profunda dor, sinto-me também como se meu coração sangrasse tamanha é a minha estima, admiração e bem-querer por você, ó criatura impossível de ser decifrada mas com sentimento tão doce e puro, capaz de confrontar a sua própria insensibilidade diante das adversidades das situações expostas para mostrar a intransigência que seu coração expõe. Fico as vezes a te admirar por ser essa pessoa tão imprevisível, um verdadeiro jogador, apesar de não gostar de nos desafiar nesses jogos da vida. Ó vida cruel essa não é? Onde podemos buscar respostas para tais questionamentos? Shakespeare? Não querido, o amor não é tão fácil assim para um romancista poder decifrá-lo e vender, assim, a preço de mercado. Até a mais fria e desalmada criatura que vive na escuridão das vielas se vendendo pode prever tais acontecimentos, pois somos meramente humanos e susceptíveis a nos contaminar com essa doença explosiva e tão violenta. As vielas, os becos e os prostíbulos não nos ensina as táticas de como lidar com as desaventuras dos amores, só nos ensina e lidar com o cotidiano dos malandros, haja vista, o posicionamento cruel e frio que torna-se corriqueiro no comportamento dessas luxuriosas personas. É certo que as intempéries da vida acontecem nos momentos que muito achamos serem impróprios, mas que para o criador é providencial e perfeitamente planejado. Escândalos, gritos e ameaças são miseráveis quando não se tem um propósito tão natural como são as relações de amor. Até uma meretriz a brigar com seu gigolô por amor é literário e esplêndido, analisando pela ótico do bem-querer. Sei o quanto é difícil, mas mostre-se como o herói Ulisses da Antiguidade que através das adversidades da vida que teve que enfrentar ficou assim conhecido como um grande herói das causas tidas como impossíveis, ou como o deus Dionísio, tido como deus do vinho, da diversão e da luxúria que teve seu coração arrancado ainda quando criança pela maldosa deusa Hera, e assim como Ulisses transformou-se num deus das superações e das adversidades e sendo símbolo das diversões e a quem não o desejasse ou o recusasse como deus, ou que fizesse de indiferente perante a beleza da vida, castigado era. A luta é árdua e como você, ela é imprevisível. Certa feita a mãe do poderoso e imbatível Aquiles (contemporâneo de Ulisses) que estava preste a enfrentar uma grande batalha, guisá a sua maior, perguntou se ele não pretendia esquecer a luta e ficar lá, assim arranjaria uma esposa que seria leal a ele e assim seriam felizes para sempre ou se ele resolvesse partir e enfrentar a guerra não sairia de lá vivo, mas em compensação seria lembrado por séculos e séculos afim. Ele que almejada a vida eterna preferiu partir rumo a luta. Assim também é a vida de qualquer ser humano cheio de dúvidas e incertezas. Seguiremos os batimentos dos nossos corações.

Por: Alisson Meneses de Sá

terça-feira, 6 de julho de 2010

BANCO DA PRAÇA


Sentada estava ela naquele banco de praça. A sua aparência para quem a via de uma certa distância era de que ela fosse um objeto imóvel, guisá uma estátua devido a sua imobilidade constante. Estava ela submersa em sentimentos vagos e por hora intimista, visitando a cada segundo o seu coração que preferencialmente desejava não pulsar. As folhas secas caiam da árvore ao lado do banco e nem sequer seus olhos observavam a tão bonita concepção da natureza, preferia ficar ali, no seu mundo vago e visivelmente angustiante. As folhas caiam com constância e caiam também sobre sua cabeça ainda imóvel, de repente seus olhos enchiam de lágrimas parecendo uma piscina a sangrar, mas seu tronco permanecia naquela mesma posição intacta, praticamente, se não fossem as folhas secas da árvore que a sombreava. O tempo passava lentamente, os transeuntes que por lá passavam não eram mais os despreocupados, caminhavam naquela hora os apressados, pois o sol estava a se pôr, a hora de laborar chegava ao fim, as fábricas paravam de emitir suas fumaças poluentes, o coração da cidade parecia descansar e a praça era a passagem frequente daqueles trabalhadores que nada perceberam de diferente. A praça tinha um ar desolador , tristonho e introspectivo, todos estavam ávidos a chegar ao seu destino final. E lá ela se manteve, fabulosamente parada como se fosse uma fenomenal obra de Michellangelo nos áureos tempos renascentistas. Aquela tristeza era algo tão particular e seu olhar fixo a um ponto no espaço qualquer era tão permanente que a noite caiu e junto, mais algumas lágrimas também desceram por sua face morena clara.
Era verão, dos mais severos que passara por aquela cidade, não chovia fazia algum tempo. O clima era insuportavelmente seco. No dia seguinte as pessoas cruzavam a praça apressadas para logo iniciar suas funções em seu respectivos trabalhos. Passavam e observavam atentamente para o chão daquele banco onde uma árvore fazia sombra, algo de tão magnífico acontecia ali, pois os olhares eram bruscos mas deixava uma grande satisfação pois a face dos que observavam crescia de contentamento. Eram dois pardais a se divertirem numa gigantesca poça d'água. Faziam graça como se dançassem balé sobre aquela poça, corriam pra um lado e pra outro, um batia as assas para respingar água no outro, numa verdadeira cena de acasalamento, talvez fosse ali o cenário perfeito de amor entre a irracionalidade espontâneos dos bichos. No banco da praça não tinha mais ninguém sentado, folhas secas ocupavam o lugar.

POr: Alisson Meneses de Sá