domingo, 23 de janeiro de 2011

UM POUCO DE DESILUSÃO NUNCA FAZ MAL


Escrevo de corpo, alma e essencialmente de coração.
Logo que a capital me proporcionou um novo mundo e novas perspectivas de vida, fui tomado de súbito pela magia do amor. Era um tempo em que a minha imaturidade e a ânsia de viver o novo perdurava mais do que aquele arrebatamento que acabara de ser sucumbido meus sentimentos provincianos. Amei silenciosamente, mas amei. Em dois de agosto de um ano aí no passado (ano que prefiro não lembrar) esse sentimento calado se transformou na mais profunda angústia que um ser humano consegue alcançar, quando fui informado que a morte seria o divisor dessa nossa possibilidade de entrega. A partir desse momento entreguei-me a um único sentimento que foi a impossibilidade de não poder dizer que eu o amava como ele sempre me amou. Rendi-me a solidão, pois acreditava que só se amava uma vez na vida. Anos se passaram, algumas pessoas também se passaram, mas nenhuma conseguiu suprir a lacuna deixada outrora, até que há três meses atrás sou devastado por uma ebulição de sentimentos.
Resolvi me despi completamente dos meus sentimentos antes travado pelas conseqüências do passado e decidi me conceder às loucuras do amor e assim deixar levar. Abri minha alma, minha vida a minha casa para assim poder repousar com mais conforto nas nuances do amor, introjetei dentro do meu núcleo de relações afetivas para que pudesse de forma mais sensata desvendar os mistérios que pulsam no meu coração. Entreguei o ouro nas mãos do bandido.
Os meses que passamos juntos foram vividos e marcados com uma certa intensidade, haja vista os constantes conflitos que se desenrolavam desde a primeira semana e que se tornaram contínuo a cada semana que se passava, situações ridículas, quiçá infantis, do tipo, se eu desse alguns passos mais apressados e o deixasse atrás, ou se ele passasse por mim e não me enxergasse e eu dissesse algo como “sou tão grande pra você não me ver”, ou ainda quando eu dava uns tapas de leve, de brincadeira, ou quando num determinado dia não deu pra cumprir uma determinada programação. Tudo era motivo para nos ambientar num conflito exaustivo, motivos esses criados para questionar os meus sentimentos.
Desse momento em diante as palavras de “eu te amo” e as declarações feitas não estavam sendo mais válidas, a entrega parecia está saturada e as contradições postas em frases feitas, vindas dele, começaram a ser evidenciadas. Já não bastasse meus amigos se transformarem os seus amigos (visto que o contrário não ocorreu, a não ser por uma tentava frustada, apresentando-me a uma adolescente com sérios problemas psíquicos e atirada a adulta – frase do próprio), situação essa que não vejo problemas, nem esboço ciúmes. As demonstrações de amor e carinho feita num café-da-manhã na cama com direito a comidinha na boca e as flores enviadas de surpresa só tiveram sua validade nos primeiros dias, depois foram substancialmente esquecidos (vale patentear que o ocorrido das flores e do café-da-manhã aqui mencionada não é uma forma de enviar a conta para ser paga não, é só pra deixar claro o quanto brasileiro é demasiadamente esquecido). Ressalto meus feitos pois, foram os meus sentimentos sempre postos em xeque.
Surge a viagem, as minhas merecidas férias para Brasília que teve sua programação antecedida ao nosso relacionamento, onde se tornou um dos motivos mais hipócrita para se fazer cobranças aos meus sentimentos. Oportunidade única de estar ao lado, por alguns dias, da pessoa que fomenta a base da minha vida que é meu primo, meu irmão e acima de tudo meu amigo de toda uma vida, Miguel. Bati o pé demonstrando que quando existi amor não seria qualquer distância tola que iria impor algo (hoje estaria arrependido caso não tivesse viajado). Houve, vamos dizer assim, uma forçação de barra para demonstrar uma certa entrega à relação junto as pessoas na qual me relaciono enquanto estive no distrito federal. Evito a comentar os desgastes que tive nessas minhas esperadas férias. Ao chegar em solo sergipano a entrega completa à relação era tamanha que as noites festivas da capital quanto mais tivesse eram poucas para se fazer presente e agindo como um ser sem escrúpulo preferiu dizer que não tínhamos mais sintonia e que tudo findava ali entre nos, por telefone mesmo e com um magistral desligar o phone in my face.
Foram exatos oito dias na qual os meus sentimentos se confundiam. Eram dúvidas, auto-análise, uma busca introspectiva em meio ao silêncio que me propus, objetivando a uma única resposta para a sensação de angústia que foi introjetado dentro de mim. Perguntando-me o que era de fato o amor... Saí do pedestal na qual fui posto, resolvi me culpar por tudo como fizera das outras vezes, venci meu orgulho pois acreditava que ali poderia aflorar a última esperança. Ele queria ver, via os meios eletrônicos a prova dos meus sentimentos onde prontamente obteve, para após alguns minutos de suspense argumentar que eu tinha me demorado em expressar o que sinto e que apesar de tudo gostava mais de si e não queria passar por tudo outra vez (como se eu tivesse proporcionado tudo isso).
Daí resolvi radicalizar os meus sentimentos, pois penso que se for pra sofrer é melhor que seja de uma só vez, as doses homeopáticas não fazer parte da minha personalidade. Farei e acreditarei que aquele ser jamais existiu em minha vida, evitarei encontros fortuitos, devolverei tudo o que foi a mim entregue como forma de carinho e amor, pois os que eu entreguei a mim foram devolvidos (acho ridículo), excluirei, bloquearei todas as formas de contato que forem possíveis, eletrônicos ou não, excluirei todas as fotos na qual configuramos juntos e apagarei as 1010 mensagens de celular enviadas a mim. Espero, no tempo mais breve possível, excluí-lo, apagá-lo e bloqueá-lo da minha vida, da minha alma e do meu coração.

Por: Alisson Meneses de Sá